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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

África, mulher - mãe de consistência.

 

África

Que o teu criador não te fez à semelhança de nada

África

Generoso enigma da razão solta

Quando antes da partida já meu corpo se quedava

África

Meu ciclo de esperança

Minha sedutora ladra que me roubaste de mim

Para me levar às essências

África

Renovadora incessante do desejo

Extensão sólida, miragem real

Com que critério viver-te?

África

Minha emergência de reconciliação

Meu grande olhar iniciático

Às tuas formas adiro

E descalça obedeço ao teu pulsar

África

Meu coração central

Tua receita secreta

Aventura de mim a ti a erguer-se do nada

África

Meu frágil dormir

Quando teus sons próximos e longínquos

Me dão a ilusão do silêncio

Enquanto os bichos homens, bichos mulheres

E bichos por superioridade

Feitiçam tuas noites de fortes cheiros

Ai ! África mulher-mãe de consistência

Tua lei, minha morte satisfeita

África

Sem intervalo

Melodia lavrada à extensão de perder vista

Iluminura na bíblia dos meus dias

E sempre novas maravilhas atiçam

Danças de alquimia ao fogo

OH! África

Conclusão do meu destino

Recorte do meu corpo

Espírito exposto ao tempo próprio

Começo sem limites onde já descanso o meu cansaço

África

Das cores fortes com nome

Ser tua amante sob as luas

É saciar minha avidez chamada mundo

OH! África

Das trovoadas que rebentam em partos de vida

Universidade inesgotável de saberes

Deixa que enfim

Por mim mesma

Invoque o imperativo

De me aceitares

Um pouco

tua

 

Teresa Vieira

Sec. XXI