LONDON LETTERS
The artificial selection, 2013
Dias há em que me sinto como Monsieur Michel Montaigne, aquele que Master Shakespeare lê avidamente nos dias elizabetheanos e lhe robustece o fôlego da resistência às injustiças do céu: Graças a Deus há livros! A coincidência das mensagens na janela de tempo soma na uneasyness. Ambas são de uma linearidade exemplar. A alegria do evangelho pelo Pope Francis, de um lado. O elogio da cobiça pelo Mayor of London, do outro. — Chérie, les loups ne se mangent pas entre eux. Enquanto o Sumo Pontífice diz não à tirania invisível dos mercados porque a economia da godess penia mata, Mr Boris Johnson defende a desigualdade e vê a ganância como uma indispensável espora do desenvolvimento humano. — Well, dead men tell no tales. No meio surge o cool US President Barack Obama, que, no alto de mundana autoridade, denota o quanto o humor salva da crueldade desnecessária ao amnistiar os perús Popcorn e Camel das políticas da inevitabilidade no Thanksgiving.
Qual das duas visões da realidade prevalece? Live to mercy! Ou, ao contrário: Live and let die! Quanto pesa uma e outra ao redor? Humm! E qual delas estrategicamente sustenta a big society, que é uma comunidade de afetos a preservar para assim construir futuro? A exortação papal tonifica o personalismo, repudia a idolatria do dinheiro e ainda apela aos políticos para que garantam all citizens’ “dignified work, education and healthcare.” Já The Rt Hon Boris Johnson se posiciona para a corrida de sucessão à liderança dos Conservatives, invoca o “spirit of envy” e clama pelos “Gordon Geekos of London.” Por impiedade? Não, de todo. Educado no Eton College e na Oxford University, aliás, como Mr David Cameron ou Mr George Osborne, o Mayor tanto sustenta que os poderes apoiem os ricos quanto advoga que eles abracem a filantropia. O estado, porém, não deve ir por aí. Combater a desigualdade social é algo fútil. Sim, o Tory darling crê nisto: Greed is good.
Conheço muito boa gente que não vislumbra qualquer contraste nas duas mundivisões, porquanto coloca um inocente Mr Charles Darwin a unir tais pontas. Tudo resultaria da Natural selection! O que o Pope Francis vê como lei do mais forte, o Mayor Bojo visiona como a vitória dos mais aptos. “Whatever you may think of the value of IQ tests, it is surely relevant to a conversation about equality that as many as 16 per cent of our species have an IQ below 85, while about 2 per cent have an IQ above 130.” Acompanha a % com método: “The harder you shake the pack, the easier it will be for some cornflakes to get to the top.”
Em dia de megacrash nos terminais bancários a espalhar red faces entre desprotegidos cidadãos e do Education Secretary, RH Michael Gove, apresentar um statement na House of Commons sobre os resultados do PISA - Programme for International Student Assessment, chegam ecos da satisfação do líder de Rome pela oferta de a fireman hat. Se o lobo universal de que William Shakespeare escreve em Troilus and Cressilda anda à solta, cavalgando a tríade do “appetite, power, and will”, com efeito me interrogo se a "careless elitism" não sucede o “careful elitism.” — As wise men say, the strongest man’s argument is the best.
St James, 3rd December
Very sincerely yours,
V.