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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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PEREGRINAÇÃO AO JAPÃO

Contagem decrescente - Japão (8) 

 

Prosseguimos a nossa contagem até à Peregrinação em terras do Sol Nascente. Hoje recordamos S. Francisco Xavier (que já homenageámos em Goa). Francisco Xavier e os seus companheiros alcançaram o Japão a 27 de Julho de 1549, mas só a 15 de Agosto foram autorizados a aportar em Kagoshima, o principal porto da província de Satsuma, na ilha de Kiushu. Francisco foi recebido amigavelmente e ficou hospedado pela família de Angiró até Outubro de 1550. Entre Outubro e Dezembro residiu em Yamaguchi. Pouco antes do Natal, partiu para Kyoto, mas não conseguiu autorização para visitar o imperador. Regressou a Yamaguchi em Março de 1551, onde o “daimio” daquela província o autorizou a pregar. Contudo, faltando-lhe a fluência na língua nipónica, teve de se limitar a ler alto a tradução do catecismo feita com Angiró. O jesuíta teve um forte impacto no Japão e foi o primeiro membro da ordem a estar em missão. Levou com ele pinturas da Virgem Maria e da Virgem com o Menino Jesus. Estas imagens ajudaram-no a explicar o Cristianismo aos japoneses, uma vez que a barreira da comunicação era enorme, visto o japonês ser diferente de todos os idiomas que os missionários tinham até aí encontrado. Os japoneses não se revelaram pessoas facilmente catequizáveis. Muitos eram já budistas. Francisco Xavier teve dificuldade em explicar-lhes o conceito de Deus e a ideia segundo a qual Deus criou tudo o que existe. Aos seus olhos, Deus seria então responsável também pelo Mal e pelo pecado, algo que era para os japoneses incompreensível. O conceito de Inferno foi também difícil de explicar, pois os japoneses não aguentavam a concepção de que os seus antepassados podiam estar num Inferno eterno do qual era impossível libertá-los. Apesar das diferenças religiosas, Francisco de Xavier terá sentido que os japoneses eram um povo bom e que por isso poderiam ser convertidos. Xavier foi bem acolhido pelos monges da escola de Shingon, por ter usado a palavra “Dainichi” para descrever o Deus Cristão. Depois de ter aprendido mais sobre os significados da palavra, Francisco passou a usar a palavra “Deusu”, da palavra latina e a palavra portuguesa “Deus”. Foi nesse momento que os monges se aperceberam que ele pregava uma religião rival. No entanto, Francisco sempre respeitou o povo que o acolheu, tendo aprendido japonês, deixado de comer carne e peixe, e cumprimentava os senhores com vénias profundas, tendo chegado em algumas circunstâncias a vestir-se com trajes japoneses, para ser melhor aceite. Com a passagem do tempo, a missão de Francisco Xavier no Japão pôde ser considerada muito frutuosa, tendo conseguido estabelecer congregações em Hirado, Yamaguchi e Bungo. Francisco Xavier continuou a trabalhar durante mais de dois anos no Japão, tendo escrito um livro em japonês sobre a criação do mundo e a vida de Cristo. Então decide regressar à Índia. Nessa viagem, uma tempestade força-o a parar numa ilha perto de Cantão, na China, onde já estivera. Encontra assim o rico mercador Diogo Pereira, um velho amigo de Cochim, que lhe mostra uma carta proveniente de portugueses mantidos prisioneiros em Cantão, pedindo um embaixador português que intercedesse a seu favor junto do Imperador. Mais tarde durante a viagem, pára de novo em Malaca a 27 de Dezembro de 1551 e estava de volta a Goa em Janeiro de 1552».