Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Viagem CNC 2011 - 1ª crónica na Rádio Renascença


Os portugueses ao encontro da sua História

Malaca, Timor Leste e Indonésia (Bali, Flores, Amboino, Ternate, Tidore)


27 de Agosto a 10 de Setembro de 2011

 

 

Malaca acolheu-nos principescamente. A visita ao bairro português é um motivo especial de interesse, da antiga Fortaleza de Afonso de Albuquerque, “A Famosa”, apenas resta a porta da muralha, já que os ingleses não evitaram a destruição do edificio militar que em muito se assemelhava à nossa Torre de Belém, como aliás está representado nos documentos da época. Para nós, o mais emocionante foi a subida aqui à Igreja do Monte sob a evocação da Anunciação, ou de São Paulo, onde Sào Francisco de Xavier  pregou e onde foi sepultado por D. Miguel de Castro, filho de D. João de Castro. As visitas sucederam-se mas o mais importante foi ouvir o papiar do Século XVI, a língua franca dos  mercadores que os missionários desenvolveram sabendo-se que os textos religiosos são sempre fundamentais para a afirmação de uma língua.

Hoje estamos em Bali e vivemos uma imersão total na cultura hindu, aqui caldeada pelo animismo vivido pelas populações mais antigas da ilha. Nos templos que visitámos encontramos os três mundos da cultura hindu -  o domínio dos espíritos que importa aquietar e lembramos a purificação pelo sangue da luta dos galos à entrada do campo santo; o domínio das pessoas humanas e o terceiro domínio, dos deuses e dos antepassados. No caminho longo que seguimos até às montanhas vimos terraços verdejantes dos arrozais mas também as plantações de banana, cacau, papaia e manga e muitas estátuas do hinduísmo; presenciámos ainda a festividade dos muçulmanos a viverem o fim do Ramadão com muita côr e alegria. E culminámos com a ascenção ao vulcão Batur, numa paisagem deslumbrante, em que até o sol timidamente apareceu.  O lago ocupa parte da cratera e o lugar corresponde a um encontro natural entre o sagrado e o humano - e quando chegámos ao templo da Primavera Sagrada, onde a purificação pela água está bem presente, sentimos com naturalidade que aqui em Bali temos intensamente o diálogo entre o homem e a natureza.

 


 

Crónica do Dr. Guilherme d'Oliveira Martins na Rádio Renascença gravada em 31 de Agosto de 2011