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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A CRISE DO TEATRO PORTUGUÊS NO INÍCIO DO SÉCULO XX

 

Num estudo muito recente, publicado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, sobre “O Teatro de Henrique Lopes de Mendonça”, tive ensejo de analisar o conjunto de mais de 30 títulos de peças e textos de maior ou menor vocação de espetáculo deste grande dramaturgo e escritor, que nos deixou designadamente a letra de “A Portuguesa”: aí incluímos, precisamente, a transcrição das três estrofes da íntegra do poema épico que Alfredo Keil musicou.

 

Sobre a dramaturgia, importa agora frisar que Lopes de Mendonça (1856-1931) foi representado em praticamente toda a rede de teatros e salas de espetáculo da transição dos séculos XIX/XX, com destaque óbvio para as grandes salas de Lisboa, designadamente o Teatro de D. Maria II e o Teatro da Trindade, mas também teatros (e depois cineteatros) a nível nacional.

 

O que queremos salientar é a doutrina, chamemos-lhe assim, que Lopes de Mendoça nos deixou sobretudo na síntese efetuada numa conferência a que deu o nome de “Crise do Teatro Português”. Importa referir que essa “crise” ocorria no inicio do século XX: na verdade, a conferência data precisamente de 1901.

 

Ora recordamos que nessa transição do século funcionavam em Portugal e nas colónias cerca de uma centena de teatros. E mesmo assim, Henrique Lopes de Mendonça faz a conferência, publicada na imprensa e precisamente intitulada “A Crise do Teatro Português”. Ora a verdade é que o título de certo modo contém uma contradição: pois a “crise” comportava na época ainda assim centenas de teatros e salas de espetáculo.

 

Destaco então algumas passagens do texto de Henrique Lopes de Mendonça sobre “A Crise do Teatro Português”.

 

Desde logo, a ausência de público. Mas aí, há como que uma contradição, pois Lopes de Mendonça reconhece que são poucas as capitais em que a população local, sem o auxílio da população “flutuante que entre nós é mínima, concorre com maior assiduidade aos espetáculos públicos”.

 

E tal como escrevi no livro acima citado, Henrique Lopes de Mendonça enumera como razão principal dessa relativa crise a falta de apoio aos escritores e aos dramaturgos, a quem refere e qualifica como “trabalhadores do espírito”. E mais refere a articulação entre os interesses legítimos das empresas com o apoio recebido das entidades públicas.

 

Não perdeu atualidade...

 

 (cfr. Duarte Ivo Cruz “O Essencial sobre o Teatro de Henrique Lopes de Mendonça” ed. INCM 2018)

 


DUARTE IVO CRUZ