A FORÇA DO ATO CRIADOR
'Anchoring' de Steven Holl.
'Go to the pine if you want to learn about the pine, or to the bamboo if you want to learn about the bamboo. And doing so, you must leave your subjective preoccupation with yourself. Otherwise you impose yourself on the object and do not learn. Your poetry issues of its own accord when you and the object have become one - when you have plunged deep enough into the object to see something like a hidden glimmering there.', Matsuo Bashō
'Architecture and site should have an experiential connection, a metaphysical link, a poetic link.', Steven Holl
Arquitetura, para Steven Holl, está compreendida entre espaço, luz e matéria. No texto 'Anchoring' lê-se que arquitetura está intrinsecamente unida à circunstância e dependente da experiência de um lugar.
O lugar atua assim como fundação física e metafísica. O objeto construído transcende condições e exigências físicas e funcionais ao fundir-se com o lugar, por lhe ser inerente o significado de uma situação específica.
'Architecture does not so much intrude on a landscape as it serves to explain it.', Steven Holl
Sempre que o objeto e o lugar se fundem, a intenção da obra emerge. Arquitetura, por isso, é uma extensão da experiência fenomenológica de um lugar, é uma modificação que estabelece significados absolutos relativos a um determinado sítio. Para Holl, um ideal só existe na especificidade e o absoluto na relatividade.
Ora, a essência de um trabalho de arquitetura é a ligação orgânica que existe entre conceito e forma. Um conceito - caso seja uma afirmação racional explícita ou uma demonstração meramente subjetiva - estabelece sempre uma ordem, um campo de questionamento e de princípios limitados.
'Within the phenomena of experience in a built construction, the organizing idea is a hidden thread connecting disparate parts with exact intention.', Steven Holl
O objeto construído funde ideia e fenómeno. A ideia estabelece uma ordem metafísica entre tempo, luz, espaço e matéria. Torna ativos os elementos da composição - linha, plano, volume e proporção. E revela a tactilidade poética da forma.
Segundo Holl, a ordem (a ideia) é a perceção exterior e o fenómeno (a experiência) é a perceção interior. O objeto construído é assim a fusão entre a perceção interior e a exterior. O fenómeno material aproxima conceito e sensação. O objetivo unifica-se com o subjetivo. A perceção exterior (do intelecto) e a perceção interior (dos sentidos) produzem-se ao ordenar-se espaço, luz e matéria.
Steven Holl afirma então que o pensamento arquitetónico desenvolve-se através dos fenómenos iniciados pela ideia. Ao construir-se a ideia, expandem-se os fenómenos, esperando sempre que intelecto e sensação, materialidade e espírito se incorporem. Por isso, a ideia permite ancorar o homem ao objeto construído e o objeto ao lugar.
Ana Ruepp