A FORÇA DO ATO CRIADOR
Acerca da arte romântica.
Na arte, a natureza é uma invenção humana e pode ser racional (segundo a tradição clássica) passional (segundo a tradição romântica).
Na tradição clássica, a arte não nasce da natureza mas da própria arte.
A arte romântica apresenta uma nova e completa posição face a história da arte - é uma arte anti-histórica. A nova realidade afirma-se através de evocações, de sonhos e da imaginação.
A natureza romântica é representada de modo a favorecer nos indivíduos o desenvolvimento dos sentimentos sociais e o sublime. A natureza é sobretudo vista como um ambiente misterioso e hostil, que desenvolve no homem sentimentos de solidão, individualidade, fragilidade e tragicidade de existir.
O homem romântico é assim visionário, angustiado mas divino. Este homem pretende pôr término ao universalismo formal e procurar por uma autonomia própria, evocando, por vezes, até tradições nacionais.
O belo romântico é assim subjetivo e mutável, obedece à natureza e não a transforma. É uma intensificação dramática da existência. A arte romântica nasce da inspiração, de recolhimento, de reflexão aturada, e da tradição cultural e mística. Pretende sobretudo aprofundar o problema da relação do sujeito com a sociedade do seu tempo - qual é o reflexo concreto que a realidade tem no indivíduo?
É uma procura constante entre sublime e o pitoresco, entre o individual e o colectivo, entre o trabalho humano, livre e puro e a espiritualidade.
Ana Ruepp