A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
LXXXIV - AFETOS LINGUÍSTICOS E (NÃO) ESTRATÉGIA
Os afetos existem e são fundamentais.
Os afetos linguísticos não são muito diferentes daquilo que se passa entre pessoas. Por vezes estamos apaixonados, amanhã divorciados.
Tem de haver um conhecimento contínuo de um reconhecimento recíproco atualizado permanentemente.
Mas não há uma sensibilidade política e da sociedade civil para facilitar uma cooperação lusófona, atentas as dificuldades burocráticas para quebrar as barreiras alfandegárias institucionalizadas, mesmo em termos estritamente culturais, apesar de o fator língua agarrar mais de perto tal realidade.
Também há alunos lusófonos, nomeadamente dos PALOP, que tendem a diminuir os seus estudos em Portugal, não pela ausência de afetos, mas porque querem dominar o inglês, tido como língua global.
Toda a cooperação é interessada, no sentido de eficaz, trabalhada, pois se o não for não é cooperação.
Não podemos utilizar os afetos para ocultarmos incompetências.
Não há estratégia? Porquê?
É porque se não quer ter estratégia?
A própria ausência de estratégia é uma estratégia.
Essa estratégia global deve ter várias estratégias.
Mas o discurso dos afetos permanece, mesmo que de quando em quando, o mesmo sucedendo nas relações pessoais.
Oculta, por vezes, um mero interesse de natureza comercial ou económica, o que é redutor e acaba por prejudicar.
28.01.22
Joaquim Miguel de Morgado Patrício