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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO

 

LVII - DO BIOLÓGICO E HERDADO AO APRENDIDO E DESEJADO (II)

 

A evolução do português como língua internacional de um bloco linguístico para língua  de comunicação global, depende do poder associado aos recursos naturais e humanos, à credibilidade das instituições, ao grau de desenvolvimento económico, cultural, científico e tecnológico dos países lusófonos e, sobretudo agora, da emergência do Brasil como potência mundial (com impulso relevante quando tiver assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, com a subsequente oficialização do nosso idioma), em conjugação com a sua capacidade como língua informatizada, internauta e de exportação, mediando a comunicação entre línguas e servindo como meio de uso útil a falantes originariamente não maternos que mantêm com as culturas e língua lusófona uma pluralidade de interesses.

 

A que acresce o mercado, por exemplo o das novas tecnologias, que também deve ser ocupado em português (ou serão outros a fazê-lo), como ferramenta de comunicação e de trocas, dada a sua adaptabilidade e flexibilidade. Factualidade que os movimentos de libertação das ex-colónias conheciam ao decidiram adotar o português como idioma oficial, uma vez que os custos inerentes a outra solução seriam superiores aos seus benefícios.   

 

E embora seja uma língua com futuro e habilitada a não desaparecer, desde logo pelo número significativo e crescente de falantes, não é menos verdade que é vítima de uma assinalável baixa consideração social por parte dos seus próprios falantes.   

 

Expurgando extremos, há que encontrar um equilíbrio, acarinhando, atualizando, preservando e promovendo este primeiro elemento distintivo da nossa identidade cultural e projeção internacional, sem teorias místicas e messiânicas, nem subserviências acríticas e exógenas.

 

Em resumo, evitem-se discursos contemplativos e míticos da língua que a entendem apenas como signo de identidade e confidencialidade e não como meio e veículo de comunicação, sob pena de lhe prepararmos uma lápide numa sepultura. 

 

A retórica da língua como mera marca de identidade herdada e biológica, está ultrapassada, em favor de uma que é essencialmente querida e desejada.   

 

10.01.2020
Joaquim Miguel de Morgado Patrício