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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO

 

LXVI - O PORTUGUÊS NA GALÁXIA LINGUÍSTICA MUNDIAL


Em textos anteriores qualificámos o português como uma língua de estratégia ou de vanguarda, falada, escrita, de difusão natural, de aprendizagem, flexível, dotada de plasticidade, intercontinental, transoceânica, dinâmica, miscigenada, cultural, pluricultural, pluricêntrica, migratória, de génese europeia e essencialmente não europeia em termos geográficos, bipolar, civilizacional, de assimilação, exportação, informatizada, internauta, flexível e em crescimento demográfico.


Para além de uma língua de comunicação internacional e global, é também, por força da sua distribuição geoestratégica, a terceira europeia de comunicação universal (a seguir ao inglês e espanhol), a quinta ou sexta língua materna mais falada, língua oficial, de trabalho ou de tradução em várias organizações internacionais.   


Como idioma de comunicação global, é um diassistema, que une povos que a usam como veículo de um certo dizer e de um determinado pensar.   


O que justifica que integre a galáxia linguística global, de que fala Abram de Swaan na obra Words of World, como pertencendo ao grupo restrito das línguas supercentrais (supercentral languages), que tem como centro o inglês, língua hipercentral, cujo papel conjunturalmente lhe cabe  (hypercentral language), em torno do qual gravitam 12 línguas (supercentrais): alemão, árabe, chinês, espanhol, francês, hindu, italiano, japonês, malaio, português, russo e suaíli, de âmbito internacional, com mais de cem milhões de falantes cada, à exceção do suaíli. Em redor das línguas supercentrais gravitam 100 línguas centrais, frequentemente tidas como línguas nacionais (national languages), oficiais dos países ou zonas onde são faladas. Por fim, as línguas minoritárias ou periféricas, idiomas de memória e de fraca tradição escrita, constituindo 98% das línguas existentes e faladas por 10% da população mundial. 


Os falantes de uma língua periférica, quando necessitam de comunicar com falantes de outra língua da mesma natureza, usam em geral uma língua central como veicular. Os falantes de línguas centrais diferentes recorrem a uma supercentral, sendo o inglês veicular para falantes de idiomas supercentrais diversos.


Neste contexto, o português é uma língua supercentral, internacional, gravitando em redor do inglês, de disseminação por vários continentes, maioritariamente de populações e países jovens, com disponibilidade para crescer como língua estrangeira, de unidade nacional para vários países, em torno do qual gravitam línguas nacionais, que comporta uma mais valia não só linguística, cultural e identitária de vários povos, mas também uma dimensão política e económica, incluindo uma política estratégica externa nas suas várias vertentes.

 

11.12.2020
Joaquim Miguel de Morgado Patrício