TEATRO VIRIATO DE VISEU
A pretexto do anúncio de novas obras no Teatro, vale a pena recordar o historial desta sala de espetáculos, sobre a qual já tivemos ocasião de diversas vezes aqui referir e também num dos nossos livros dedicados a antigas e modernas salas e centros de espetáculos em Portugal.
Muitas vezes citamos esses nossos livros e artigos: e neste caso a oportunidade mais se justifica precisamente pelo início das obras de recuperação.
Desde logo porque o Teatro Viriato, na sua expressão histórica, surge em 1883, então denominado Theatro Boa União. Mas logo passados meros 6 anos, adota a designação atual, Teatro Viriato, numa evocação histórica que durou mais do que a atividade da sala em si: pois efetivamente, a inauguração, em 1921, de um Teatro Avenida, aliás esse demolido em 1970, prejudicou a atividade do mais velho Viriato. E o edifício é transformado em armazém: isto, num período em que os velhos teatros eram ou demolidos ou adaptados...
E decorrem 25 anos até que, precisamente em 1985, segundo já oportunamente escrevemos, o velho Teatro Viriato é recuperado com um espetáculo simultaneamente cultural-nacional e regional, digamos assim – uma montagem de textos de Aquilino Ribeiro, articulados e encenados por Ricardo Paes com a designação dramática de “Teatro de Enormidades Apenas Críveis à Luz Elétrica”, nada menos.
Aquilino Ribeiro (1885-1963) era natural de Viseu. Apesar de ter dedicado diretamente à cena apenas duas peças, ainda por cima separadas por mais de 20 anos, “O Manto de Nossa Senhora (1920) e “Tombo no Inferno” (1964), isso não obsta a que, para além da especificidade exemplar da linguagem, a expressão de espetáculo mereça referência.
No mesmo ano de 1985, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto efetuou um conjunto de estudos acerca da possível restauração do edifício. Até que em 1986 a Câmara Municipal de Viseu adquiriu o Teatro Viriato e efetuou obras de restruturação. As obras prosseguiram com intermitências, e o Teatro é recuperado no final do século. Mas com limitações de espaço. Em 1999 o Teatro reiniciou atividade.
E agora anunciam-se novas obras no Teatro. Segundo informações do próprio Teatro Viriato trata-se da reabilitação dos antigos espaços das Aprogel, isto é um espaço antigo contíguo ao Teatro, que foi adquirido pelo Município de Viseu de forma a ampliar o Teatro Viriato. Estas obras no valor de 324€ mil euros, vêm colmatar a falta de espaço que o Teatro vinha a sentir. Com as obras o Teatro passará a contar com um espaço polivalente associado a atividades de Teatro, a projetos de residência e a apresentações formais e informais para pequenas audiências. A intervenção irá durar cerca de um ano, durante o qual o Teatro permanecerá aberto e em atividade.
DUARTE IVO CRUZ