CORSINO FORTES (1933-2015)
Foto de Noé Sendas, Cidade da Praia, 2004
Corsino Fortes, poeta maior da cultura cabo-verdiana e da língua portuguesa, cidadão exemplar, democrata de sempre, Embaixador, antigo governante, era um amigo de há muito do Centro Nacional de Cultura, sendo um dos elos fortes de uma relação riquíssima ao lado de Germano de Almeida, Vera Duarte ou de Fátima Bettencourt. Todos nos lembramos do memorável encontro que tivemos na cidade da Praia, no âmbito do ciclo «Os Portugueses ao Encontro da Sua História» em que Corsino Fortes representou a Associação de Escritores Cabo-verdianos. Colaborador da revista «Claridade», presente na antologia «Modernos Poetas Cabo-verdianos», é autor de «Pão e Fonemas», «Árvore e Tambor», «Pedras de Sol e Substância», «A Cabeça Calva de Deus», obras fundamentais para a compreensão da saga do povo de Cabo Verde. Foi o primeiro Embaixador de Cabo Verde em Portugal (1975-1981) e aqui reforçou amizades e ligações afetivas muito fortes e inesquecíveis. Estamos a ouvir a sua voz suave, a sua camisa imaculadamente branca, como lembra o nosso querido Germano de Almeida. Era o mais generoso homem que poderíamos conhecer. Quando eu chegava à Praia arranjava sempre um tempo para falarmos… A sua poesia é feita de memória e de ponderação certa de cada palavra. No fim da vida, apaixonou-se pela poesia japonesa e pelo uso parcimonioso das palavras. E o seu último livro, saído poucos dias antes da partida, deve ser lido com respeito religioso: «Sinos de Silêncio: Canções e Haicais». Querido Corsino Fortes – um grande abraço, não te esquecemos!
Guilherme d’Oliveira Martins