CRÓNICA DA CULTURA
CÁRCERE
Quando os sistemas assentam em mentiras, a mentira unida e central leva a que o resto da história se desintegre, como quando se pede emprestada uma realidade e se a usa na totalidade.
Resta o resgate metido à força na cabeça das pessoas como solução ainda que provoque brutais danos e não atenue a dor da aparente alforria.
As narrativas desfizeram-se face às ações que as contradisseram, e poucos notam, penosamente submergidos na não-vida.
O habitat das gentes foi-lhes negado, afinal, e o silêncio é força escoada.
A queda, teve diretamente a ver com o facto de as elites manipularem violentamente, contra quem queria mudar o sistema, expondo o conteúdo das máscaras: expondo as estórias esborratadas dos supostos impolutos.
Contudo, a crise aguda da mentira nunca chega a ter lugar: os expedientes dissipam-na sempre, atempadamente.
A religião da não solidariedade não é desmascarada e tudo é apenas parte do problema.
Na verdade, os comportamentos e atitudes dos que definem liberdade como opção do consumidor, e favorecimento como uma ideia de direito e mérito próprio, criam sociedades de desempenho transgressoras, e de um tal poder que, a vida, essa indefesa, termina aos poucos, mirrada, na esperança de um saco-cama.
Teresa Bracinha Vieira