CRÓNICA DA CULTURA
PORVENTURA VERSOS
5.
Não me fugi de ti nem de mim
Senhor
que de tantas graças me confundiste a paz
e isso sei, bem sei, e dessa realidade em mim confusa
me culpei e sem carrego que merecesse, enfim,
fui aos teus braços um dia
para saber de mim.
Estavas tu tão só
e tão sonhador
que falhei
mal vi a tua feliz dor.
Fiz-me então a um caminho
Senhor
àquele que se traçaste para mim, não fora
ainda assim
minha vida percorrê-lo e aqui te digo
que, sem dele ter sabido, afinal ou conhecido
o ardume, ardume
um muito ardume naquele barco de vela areento
e nós nele.
Tu, tu em mim qual boda paciente
tão comungada
tão ar-do-vento.
Eu em ti, tão longe.
Nós.
6.
E tu
tu no mundo por Deus
pouco ou nada entendeste
filho de quem sabias ser -
qual mostra de vitória -
e logo te deste
e sim
fugindo para um jugo
mal pressentido
a troco de turva e estranha glória.
Agora amor
a segurança de nós invicta
quebrou-se.
Ao quinto dia ninguém se espera
eis
que o reino da ausência subiu tão alto
que bandeira, essa, sim, dele, tua
é vencedora.
Teresa Bracinha Vieira
Obs: Revisitação do publicado em 2015