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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

O pregão das virtudes

  


As formas básicas de poder social que podem operar à escala da família ou a tipos de ampliação de domínio político, apregoam amiúde as virtudes das suas opções de estar, num pregão coletivo de uma verdade que está sempre deles mais próxima, apesar de nunca afirmarem expressamente tal assunção de vizinhança

O modo como cada um desenvolve o seu eixo de poder social, gera uma espécie de sistema de irrigação das ideias, em jeito de torniquete, e em torno de uma ordem que muito tem de administrativa, supervisionando tudo o que lhes pode interessar com o juízo único e convicto, de que será mau se lhes escapar alguma avocação.

Na medida em que o pregão das virtudes se pode passar a fazer por silêncios tácitos ou preposições q.b., ou até expresso pela boa educação e pelo prumo da mesma, bastando que se aparente, ou deveras se creia ser inquilino pela via mais confortável, dos princípios pela maioria aceites como aprazíveis e logo as concordâncias aos centros de poder se estabelecem em paz à falta de melhor.

Esta postura é outra das que mais expõe a aceitação do pregão das virtudes.

Ao aprofundarmos esta questão, verificamos que a mesma combinação de características se encontra no mesmo perfil de gentes, não se questionando por que razão tem de ser assim para que tudo funcione, e sendo que deste modo, o que funciona, é o decorativo debate sobre a desigualdade nas sociedades, admitindo, expressamente ou não, que tudo o que é altamente problemático sempre se manterá.

Então, uma resposta possível ao pregão das virtudes é o de o confrontar com a similitude do poder, que paga ao barbeiro para cortar o cabelo ao escravo, ainda que depois o alimente.

Este o compromisso ou a imagem de um dinheiro de terrível equivalência, sendo que a  ambos há que romper.

 

Teresa Bracinha Vieira