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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

PESSOAS LIVRES


De um modo ou de outro ficamos a coçar a cabeça quando encontramos as mesmas pessoas das manifestações pela liberdade, agora em sôfregas brigadas de consumismo, como se estivessem a optar livremente pela última razão que lhes é dada como alternativa.

Também nos convencemos, solenemente, e sobretudo durante o nosso período de trabalho, de que o consumo não é aquilo que importa na vida, e, quantos, numa “frugalidade superior” até fazem voz, registando o justo e livre sentido de aquisição de uma casa de estatuto, ou a “simplicidade” do saber, na classe social a que pertencem, não merecesse o solto sacrifício da transação.

Não há dúvida que os poderes que controlam as pessoas “livres” encontram nestas, a janela de um poder ansioso de possibilidades que prova até que ponto se não questionaram os seres humanos, acerca do modo como foram ficando presos.

Afinal a reivindicação de poder permanente de uns seres sobre outros, faz-nos pensar nos poderes das castas, nos poderes dos homens sobre as mulheres, nos poderes monetários, nos poderes eclesiásticos, entre outros, e faz-nos questionar sobre o que terá levado as pessoas a aceitarem os poderes que lhes foram reduzindo a escala de vida.

Hoje assiste-se cada vez mais a vidas encapsuladas em territórios de fronteiras minadas de indefinição.

Então, quando se iniciou o espírito aborígene? Aquele que sai de nós, reconhece a arvore e nos envolve como irmãos e irmãs?

Aquele que viaja e encontra.

Aquele que entende a língua sem ligação com a sua porque a dor e o amor são clãs alimentados pelo mesmo ar.

Aquele que avança face ao poder estabelecido e não o tempera, camuflando-o de coisa nova.

Aquele que afinal quer acudir à viagem de todos os que se desejam clonos numa vida de pessoas mais felizes.

Pessoas mais livres, sim, porque podem com verdade antecipar que aquele cálice-mão estará sempre presente nas horas mais difíceis.

 

Teresa Bracinha Vieira