CRÓNICA DA CULTURA
A geografia fator-chave
Mares, rios, montanhas e betão condicionam as escolhas do poder e limitam o que a humanidade pode ou não fazer.
As características geográficas de uma região definem passado e presente e futuro, no exato momento em que o campo de batalha também se trava na atmosfera da terra.
Se nos lembrarmos que o Irão tem duas grandes características geográficas: as montanhas e os desertos de sal, eis uma fortaleza!
Se nos aproximarmos, o caminho por qualquer angulo é de terreno ascendente e em muitos locais, intransponível. As terras interiores são na sua maioria ermas.
O deserto de Cavir ou o Dasht-e-Kavir é o Grande Deserto de Sal que possui aproximadamente 800km de comprimento e 320km de largura o que se pode afirmar ser o tamanho dos Países Baixos e da Bélgica juntos e, em muitas áreas, o sal à superfície esconde lama tão funda que nela nos podemos afogar.
Deste modo as características geográficas deste país que raramente sai dos noticiários, criam cerco protetor ao regime repressivo e ligado ao terror.
Como se sabe todo o Irão era a Pérsia, sendo que a forma nan-e-barbari (forma do pão persa) tem constituído a sua figura geométrica de base.
Neste país, são também os montes e montanhas que ajudam a descrever curvas, o que significa que poderes que queiram invadir estes territórios, terão de lutar com pântanos, desertos e montanhas que constituem formidáveis obstáculos de preços inimagináveis a pagar.
Contudo, a geografia deste país também o confrange a ficar contido no seu território.
Os grupos étnicos agarram-se à sua identidade e resistem ao estado moderno, e a escassez de água é um dos muitos fatores de atraso económico do Irão, onde apenas um terço do cultivado é irrigado.
Enfim, um início do não esquecer o quanto o espaço geográfico possui carater histórico e engloba as ações humanas sobre o ambiente em que vive.
Teresa Bracinha Vieira