CRÓNICA DA CULTURA
A nossa última oportunidade reside na biodiversidade
O mundo natural está a desaparecer aos poucos. As provas estão por toda a parte. Aconteceu durante a minha vida. Eu vi com os meus próprios olhos.
David Attenborough
Como se sabe, com o início da agricultura, alteramos a nossa relação com a natureza. Passámos a entender que o mundo selvagem era algo para usar, subjugando-o, e assim fomos perdendo o nosso equilíbrio.
Perdemos a ideia íntima de sermos parte integrante da natureza e colocamo-nos à parte dela, numa louca anarquia.
O nosso mundo humano perdeu a bússola da viagem da biodiversidade pensada para nos manter no caminho certo, e parece que nenhum alerta foi ácido o suficiente que mudasse o nosso comportamento.
A única medida que resta às nossas ações é a de tomarmos já as decisões certas, pela natureza e por nós mesmos.
Os seres humanos de tão inteligentes, desaprenderam a viver nos recursos finitos da Terra, desaprenderam igualmente a partilha que deles deviam fazer.
Da finitude de um mundo finito, não fará nunca parte o crescimento eterno. Só seremos bem-sucedidos com esta exata realidade: a realidade da necessidade absoluta da sustentabilidade.
O desafio hoje da peugada da nossa espécie é, ao mesmo tempo, o de melhorar a vida e o de reduzir o nosso impacto no mundo, e a cada ano existirão vencedores e vencidos. As árvores também crescem no local onde outras caíram.
A vida faz-se dos que desaparecem e dos recém-chegados e são estes que vão aumentar as probabilidades de outros serem inovatórios ao exporem as novas oportunidades.
Assim o lugar do mais completo projeto de vida, do mais bem-sucedido dos mundos, é o lugar da maior biodiversidade que a humanidade ainda não foi capaz de atingir.
Poderemos ainda refrear a tempo tudo o que tenha impacto negativo no ambiente? Poderemos ainda desfrutar de uma vida com sentido deixando que a natureza recupere?
A natureza não tem nem nunca teve preço e afinal de contas as práticas de a cotar em bolsa continuam a ter lugar.
O grande tema é o de recuperar o mundo a tempo de nele ainda podermos viver.
Teresa Bracinha Vieira