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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

  


«Quais as hipóteses de encontrarmos aves-do-paraíso? Eu tinha a esperança de conseguir filmar uma das suas danças de acasalamento. Há muitos anos que planeio esta viagem, mas só agora tive as ajudas que necessitava para filmar.

Ele escutou-me em silêncio. Depois tirou um mapa de uma caixa e abriu-me em cima da secretária.

Terão de procurar numa zona não controlada pois as tribos fazem-lhe esperas. Até já houve emboscadas com feridos e mortos nestes encontros pelo desejo de arrancar as penas das aves. Vão ter de levar uma escolta. Tenho um homem que irá convosco por troca de sal e não quer saber da passarada. É uma caminhada de dois dias e com trilhos muito difíceis. Filmar as danças de acasalamento?»

«Sim, claro», respondi.

De repente, sorriu.

Três dias depois aproximávamo-nos do topo de um desfiladeiro. Estávamos a uma altitude superior a dois mil e quinhentos metros. Estávamos cansados e com frio, os pés feridos do esforço da lama e dos pedregulhos que pareciam perpassar as botas com facilidade. De repente, o terreno começou a descer e eu corri muito ansioso por espreitar o vale.»

David Attenborough

E

Pegue-se numa alma de face escarlate

Calcule-se o peso de a pousar no ar

Alongue-se tudo o que se eleva acima do espírito

E sigam-se os toucados de plumas e os cantares dos anuíres

Depois, quase impercetivelmente

A ave-do-paraíso levanta voo e afasta-se pelo vale abaixo

Do centro do meu coração

Escutei-a

As folhas que lhe conhecem as épocas

Abrigaram-na

Que das exposições totais

Bastante

É o esboço nupcial

 

Bendito


Teresa Bracinha Vieira