CRÓNICA DA CULTURA
Havia uma esperança diferente quando as pessoas cuidavam umas das outras num respeito pelos mais idosos, à proeza do seu interpretar e no transmitir dessa interpretação.
O medo e a incerteza do viver era atenuado pela rocha que constituía a solidariedade do amor, e por ele, o dever de ajuda.
Agora, as pessoas receiam o morrer antes da morte, num fogo cruzado das gentes vivas que os marginalizam desfocando deles a atenção.
Muitas vezes já se entrou na bancarrota dos afetos, e na suposição de que os velhos, são vestígios do passado que devem aceitar o sem futuro, no futuro que lhes propõem.
Muitos dos lares onde as pessoas são colocadas, passaram a favelas que contam estórias de esquecimento dos sobreviventes que por lá negoceiam, como podem, as novas conformidades.
A depressão e a insegurança de uma maioria que deu à vida o seu melhor, afinal, para se candidatarem a pagar o preço altíssimo de um rap cruel, nunca esteve verdadeiramente pendente como problema nas assunções do Estado.
A infelicidade governa olhar e corpo, num lugar que rompe ou vai rompendo, esgaçando a esperança.
Será que já se viu e compreendeu onde chegámos?
Será que novos e velhos se vão recusar a que as vidas se façam em subcave?
Uma vez, naquele dia, todos começaram a fazer pelo melhor: ouvi dizer.
Teresa Bracinha Vieira