CRÓNICA DA CULTURA
JON FOSSE
Uma pessoa no interior de uma brancura luminosa (…) É isso que há aqui. Isso e eu (…) e talvez todos os anjos sejam bons e maus, pois essa também será uma possibilidade (…) era quase como se houvesse algo a que se pode chamar amor (…) ou, ou. (…) É assim. Ou, ou. (…) É quase como uma pequena casa que eu arranjei para mim. Casa.
A recente obra Uma Brancura Luminosa de Jon Fosse, surge pela chancela Cavalo de Ferro em fevereiro do corrente ano.
JF - Nobel de Literatura de 2023 - nas 54 páginas deste livro proporciona um núcleo do sublime de uma escrita única, assombrosa e comovente.
Leio sempre Jon Fosse aproximando-me dos passos que me levam até quem conhece como se fecham as abóbodas.
Mais uma vez, neste livro, palavra e ação são meios de conhecimento decisivo quando do choque Jon Fosse sabe que nem sempre resulta o mesmo.
E de tudo nos aproximamos como quando nos aproximamos de coisas movediças. Coisas que se fazem e desfazem para nos divulgarem o que afinal nos aguarda.
Sempre que leio e releio Jon Fosse, regresso a um passar a limpo as ideias iniciais, e assim vou assumindo cada página como uma evolução a mapear para riqueza do espólio da memória.
Os sons das palavras da escrita de JF constituem fontes de imagens, pensamentos e relações que ele oferece num desapossamento do poder de assim dizer, ligando-nos à tecedura de quem tem a capacidade de transportar nas palavras aquilo para que foram feitas.
E
(…) também eu já estou descalço (…) mas há tantas coisas que não entendo (…) como se os significados tivessem deixado de existir, porque tudo é apenas isso, por assim dizer, tudo é significado.
Teresa Bracinha Vieira