CRÓNICA DA CULTURA
Dizia-se na povoação que os sinos quando andam muito calados é para não acordarem a morte.
Sempre em agosto
a vida parecia começar de novo num sentido simples de tudo e nada e poderia anunciar até o nada pois que depois do nada era o céu e dele nada se sabia.
Não tenhas pressa,
dizia a Cila para a filha.
A trovoada seca precisa de mais tempo para ir embora, e depois, quando repenica já vai longe. E não te aflijas,
rapazes há muitos terras fora, se este não vier, merece carregar um andor de espinhos.
Mas virá depois da trovoada.
Esteve à porta de manhã para saber de ti à fina força.
E a mãe? Que disse?
Ainda é cedo.
Mas é agosto!
Se o remédio fosse esse! Ó filha, não me iludo.
Tudo chega ao fim da estrada.
Ouve, que te não minto: se não conseguires ver o céu, então deixa-o a Deus.
Mas escuta, os sinos não tocaram.
Vai haver mais futuro.
Teresa Bracinha Vieira