CRÓNICA DA CULTURA
Eu queria que uma fresta de ideia sobressaltasse o resultado das submissões humanas.
Eu queria que uma fresta de ideia encorajasse a que se perseguissem as possibilidades.
Eu queria que uma fresta de ideia dissesse do inferno dos diálogos proprietários de todas as razões.
Eu queria que uma fresta de ideia impedisse o desacreditar a vida.
Eu queria que uma fresta de ideia, de forma memorável, diagnosticasse a pandemia das mentiras e descredibilizasse o poder de censura.
Eu queria que uma fresta de ideia bastasse para entender o quanto crescer é a nossa primeira experiência da liberdade no pensar por nós próprios e que nunca ninguém tivesse poder para a proibir.
Eu queria que uma fresta de ideia intuísse o quanto desistir dela é acorrentarmo-nos, é deixarmo-nos formatar, é nunca chegarmos à interrogação como parte imensamente maior do que nós.
Eu queria que uma fresta de ideia fosse muito, muito e tanto, tanto acontecimento interior afinal pessoa na ideia adentro:
ar.
Teresa Bracinha Vieira