Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

E vai sendo suposto que este é um modo de viver neste estado incompossível de não-ser. 

  


Parecem seres ausentes do mundo estes seres que tomam por inimigos quem os abana para que se proporcione vida.

E como dialogar com eles sem surpresa nem susto?

Eles são também os novos tempos de sonolência e existem ainda mais gentes com outras sonolências, mais escravas da escravatura, do não-questionamento de si próprias e da possibilidade de se olharem conforme à sua condição envolta numa gama de simplificações absurdas.

E de um lado para outro os tempos do ovo sem gema.

E como extrair alguma coisa deste nada a que se chegou?

Estarão muitos dos homens ineptos para a existência, destituídos de meios para pensar, falar, questionar, contestar, como quem aceita os planos inclinados e porque sim ou porque não, e por que, e os danos colaterais a celebrarem a apoteose da morte em grunhidos quase números.

E vai sendo suposto que este é um modo de viver neste estado incompossível de não-ser.

E são estas as gentes líquidas, as gentes de uma humanidade destituída até da angústia.

E o drama é a conciliação no aceitar este viver todas as praias assim e tudo o mais no mesmo assim.

E o drama é que dentro destes seres existe a faca que cortou todas as palavras e as coisas que denominam.

Contudo, algo superior e distinto existe e continuará a acudir à loucura do mundo.

Assim cremos.


Teresa Bracinha Vieira

2 comentários

Comentar post