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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICA DA CULTURA

 

A incapacidade de pensar conduz à questão do errado que é de julgamento moral e não legal

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A incapacidade de pensar também conduz à questão do errado que é de julgamento moral e não legal.

Arendt estabelecia uma diferença entre as questões legais e morais, mas admitindo sempre que ambas pressupõem o poder do julgamento.

Na verdade, pode-se estar a obedecer à lei e não se ser acusado de nada, o que não impede que o que se tenha feito não esteja absolutamente errado.

E como consideramos absolutamente responsável alguém que violou um código moral e não um código legal?

Na verdade, pode-se rebentar qualquer categoria do julgamento moral, e a diferença entre quem nela participa sem resistir, e quem decide resistir, assenta numa única resposta: capacidade de pensar.

De registar que os crimes que desafiam a possibilidade de julgamento humano são exatamente os que estoiram com qualquer organização das instituições legais que os tenham em mira de responsabilidade.

O julgamento-espetáculo, a torpeza política, as falsas verdades, as hediondas desumanidades, também assentes no simplificador sim ou não, no branco ou preto, expõem a natureza do mal profundo sem que quem o pratique sinta culpa alguma, já que quem o exerce não se pergunta até onde é capaz de viver consigo depois de provocar e mesmo cometer atos terríficos.

A verdade da enormidade do mal instigado por grupos, sem pensamento autoanalítico, manietam gente e mercadoria, movendo milhões ao escrutínio, num sem contorno na radical desigualdade da lei perante os cidadãos.

O mal extremo continua a renascer para destruir o que resta de humano nos homens, experiência recapturada e reatualizada como se esta herança nos tivesse sido deixada em testamento a cumprir.

Quem está preparado para responder pelo que considera justo, nunca será aquele que conduzido por “notáveis” sem pensamento, é, na verdade, incapaz de entender a sua falência no aceitar-se neste contexto; no não percecionar que a importância da luta pelo que é positivo reside no não esquecimento do que é negativo; que a incapacidade de pensar conduz igualmente à questão do errado que é de julgamento moral e não legal.

Teresa Bracinha Vieira