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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

É altura de partir o calor, o bom calor de julho e o de agosto que dantes esvaziava o Chiado. O calor dos desejos dos sorvetes e dos refrescos, o calor que amolece o cérebro e o asfalto, o calor das toilettes em desalinho e o recordar das histórias imensas do António Alçada.

 

Estávamos ambos sentados no Largo do Camões a registar o que por ali fulgia em agosto e, na sequência de falarmos em publicações de livros com empurrões de quem tem os ditos conhecimentos e os exerce em função de trocas, e o António diz-me - no meio de um «ó que óptimo gelado este

 

Sabes Teresa, um dia aconteceu-me uma fantástica. Não é que o diretor do jornal x, bem conhecido como sabes, escreveu-me uma delicadíssima carta a convidar-me para escrever uma coluna semanal nesse jornal, e depois de me deixar clara a honra que seria para o Jornal se eu aceitasse, acresceu

«E saiba V. Exa que nada terá de pagar por isso.»

 

E entupimos ambos o engolir do gelado e rimos tanto que bamboleámos os gelados no ar de jeito a que os não perdêssemos na totalidade espraiados no chão.

 

E mais calmos continuámos a dialogar sobre o futuro próximo de setembro e das saídas dos livros no Natal fazendo apostas em quem os iria lançar nas respetivas apresentações explicando as razões das pressões nas escolhas. E assim o país das dignidades de todas as ordens e de todas as vacinas, nada pergunta ou perguntava que fizesse ou pudesse fazer estranhar. Concluíamos. Também achávamos que cavaleiros e comendadores ansiavam pelo Inverno, de modo a que usassem os mantos por baixo do pardessus, sobretudo quando atravessavam a Rua dos Retroseiros e uma leva de vento lhes enfunasse as insígnias.

 

E aguardávamos setembro. Já tínhamos ido ao Vau estar com o Mário que enviava carro a Lisboa para levar o Alçada até ao Algarve e este por sua vez, por duas vezes me levou a mim também. E assim sendo setembro aproximava-se com o conselho do António:

 

Teresa, querida Teresa, nunca passes uma camisa a um homem. Dás cabo dele e de ti. Ambos se habituam a uma espécie de filoxera dos sentimentos.

 

Bora que o calor ainda é muito!

Prodígio inaudito pode ser um nariz? Não achas?

Hum!, prefiro sublime, para nariz. 

 

Teresa Bracinha Vieira

Outubro 2017

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