CRÓNICA DA CULTURA
Cristiano Ronaldo içou-se do chão de quando era criança; rodou nos invisíveis degraus do esforço d’alma; prendeu-se no ar, e, intacto de natureza, opôs-se ao que no mundo é simulacro.
De mão no peito o agradecimento minucioso a cada um, a cada vida.
O gesto, o gesto de que o limite é para se ultrapassar.
Ronaldo, o vulto voante de uma magia que poucos merecem, demanda-nos na sua vida o nosso próprio desejo de pulsar pelo céu. Expõe sentires em choros e felicidades de inocência rara.
Cristiano Ronaldo o menino empurrado para os dias dos socalcos de todas as solidões.
Ronaldo o homem-menino que hoje segura o seu filho à expansão das manhãs.
O menino-homem da bola de ouro a erguer ao mundo o sentido do choro.
Ronaldo, um fundo de convicção que aponta caminhos, muitos deles entre o ser-eu e o estar-ali irredutível.
O colossal jogador de futebol português, conhece-se e devolve-se a nós, na simplicidade de algo a decifrar, como se não transportasse também um Portugal e suas pedras, em ordenada linguagem aplanada pela força do mérito, do trabalho, do sonho, e da indecifrável magia de pertencer a um lugar que poucos conhecem.
Obrigada
Teresa Bracinha Vieira