CRÓNICA DA CULTURA
A VIDA, O SEU TERMO, O SONHO, A NÃO ESPERANÇA: EIS A SUA MATÉRIA
A desproporção de forças infetantes que se reproduzem sucessivamente, a grande praga que dizima os seres, que carcome as rochas, os ares, as águas e vaza os lixos na vida, refugo letal onde se adormece um sono, assim a Absurdidade comunica os seus poderes termiteiros e mercantis, somatórios ávidos do ter.
A profundidade a que todos, de um modo ou de outro, permitimos que no mundo se venceria pela força do que constrange e obnubila, permitiu que os domínios interditos de quem mata a espessura da vida fosse contada, e mesmo exposta, sem que uma multidão em número e vontade excedesse a soma das forças de todos os que fizeram chegar o mundo ao nível do lixo como desígnio.
Todavia as silenciosas contas bancárias dos responsáveis pelo suposto não saber dos atos criminosos que provocaram e provocam, elevam os rendimentos ao limite superior do possível e reduzem ao mínimo qualquer custo de manutenção do esconder dos seus atos, agindo como inimputáveis pois a máquina construída os protegerá passo a passo.
A terra continua a ser devastada pela violência dos monstros que alcatroam mandos de morte com a finalidade de que, à superfície, o cenário tenha brilho e atraia aparências de vidas que não denunciam o simulacro do que lhes é dado viver já que no imediato nem o reconhecem como tal.
Na fotografia, este menino dorme e desconhece que também lhe simularam o céu sob o qual adormeceu.
Sonhará este menino com o abrir de uma caixa própria, uma caixa de algo que lhe é muito precioso e o embala até a encontrar vazia e do sonho acordará num sem número de pesadelos reais?
Desconheço as contabilidades que se fazem neste pseudo mundo que troca capital por lixo e no qual adormecem crianças em nojentos colchões que boiam nas lixeiras, lixeiras criadas pelos manipuladores dos fátuos fogos que obscurecem até o futuro das luzes das estrelas.
Promove-se a guerra de todos contra todos: assim Hobbes, assim o emaranhamento das corrupções, teia de submissões articuladas no plexo do lixo.
Teresa Bracinha Vieira