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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

O que fazemos agora?

 

Há quem defenda que uma ideologia beta será sempre aquela que não pergunta à razão o que leva a justificar o poderio do modo de estar alfa. Mais: o “motor” alfa é tido como o que deve ser naturalmente protegido e aclamado pois corresponde ao triunfo dos fortes sobre os fracos, mesmo que essa realidade seja a do poder da mentira sobre a pessoa moral.

 

Creio que certas “elites” esconderam sempre o seu íntimo compromisso com esta doutrina que referimos acima, usando o discurso do politicamente correto, devidamente civilizado e suficientemente bondoso, de modo a que criticá-lo envolvesse criticar o que estaria bem na mescla das correntes do bem e do mal com que se afrontam os direitos à vida digna.

 

Acreditamos que para os betas existe um único caminho que têm real vontade de percorrer para atingir o único objetivo: imitar os alfas.

 

Cremos que o percorrer desse caminho constitui nos betas o grande fundo orgulhoso de um comportamento de culto, encabeçado pelos próprios, em jeito exponencialmente violento para chegar, tanto quanto possível, a um esmero dos alfas de hoje e ultrapassando-os criando uma musculação popular desafiadora de seguidores sem questões.

 

Não há dúvida de que as redes sociais são propícias a serem utilizadas para que em poucos anos, estes betas, atinjam uma realidade global de alfas, que, de jeito subtil e subcultural se mostrem como alternativa em todo o mundo.

 

As narrativas que passam a predominar envolvem um padrão familiar: velhos preconceitos valorados com novos conteúdos económicos determinam que as vítimas ou são virtuais ou atiradas para campos especialistas em estados permanentes de revolta.

 

É o tempo das realidades alternativas incapazes sequer de serem neutras porquanto ensinam a alcançar a finalidade dos betas enquanto se nutrem dos banquetes dos alfas que enfim já deixaram de ser o poder que agora se quer alcançar numa hostilidade clara às próprias universidades.

 

E não descurando as fobias e as obsessões de estimação de alfas e betas e novíssimos alfas, o que fazemos agora?

 

Talvez criarmos forças não esperadas, já que esperados não somos, a que alfas e betas e alfíssimos sejam obrigados a expor os internos inimigos de si mesmos, retirando-lhes a possibilidade de os usarem como motor e motivo do seu combate.

 

Claro que a força não esperada terá de conter o atrevimento de desagradar a estes novos senhores da vida bem como a capacidade de lhes provar que ainda existe uma parte considerável do mundo que não é o seu quintal.

 

Teresa Bracinha Vieira