CRÓNICA DA CULTURA
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
Cora Coralina
A cápsula do tempo contém segredos, e um deles é o que nos permite saber até onde chegámos: até onde a nossa filosofia da felicidade fez justiça a princípios antitéticos.
Construímo-nos através do pensamento e do agir e, tanto mais, quanto tivermos sido certeiramente ecléticos, mutáveis, nessa construção do crescer, sendo certo que neste domínio, tudo afinal pode ser inventado se não nos sujeitarmos a um modelo assegurado.
Não é tarefa fácil, a de encontrar o caminho de transferir o que aprendemos e de aprendermos com o que ensinamos, se formos conscientes de que percorremos um horizonte que se vai evaporando a cada vez que o julgamos mais próximo.
Se soubermos que por aqui também o ecletismo da felicidade, a procura da terra prometida, sem que se chegue a possuir as chaves que abrem a sua porta, mas, para nós, um valor de luta e referência, e que tanto baste!
Afinal, é do nosso conhecimento que sempre que o homem se reduz, o mundo mirra, e o farol que guia a navegação das ideias, amarelece.
Então, retificar trajetórias, refletir nas dúvidas, convocar o paradigma de um dia sermos um pouco de nós, num noutro, é igualmente crer que esse outro vença mais medos por sempre próximo de David Hockney!, na capacidade de fazer face à institucionalização arbitral dos valores.
Teresa Bracinha Vieira