CRÓNICA DA CULTURA
Um parágrafo na história da civilização
Vivemos há muito numa consentida pandemia entre egoísmo e desigualdades sociais.
O projeto de vida de cada um, que não englobou a capacidade de incluir o outro como nosso semelhante, fortaleceu sim, um projeto patológico, que amadureceu ao ponto das suas raízes medrarem no podre, criando mesmo resistências a uma mudança.
Tudo se foi fortalecendo nos caminhos dos carreiristas, dos astuciosos, dos que conhecem os avessos o suficiente, para estarem sempre no lugar certo à hora certa, e surgirem como os obviamente aptos para os cargos.
Deixar que o silêncio abafe as dificuldades alheias de quem enfim, vive ainda do crédito que deposita em quem é afinal o devedor, faz parte da engrenagem que confunde por obra e graça.
Dar uma sensação de confiança que não existe, é, igualmente tratar todos por um qualquer número de cama de enfermaria parda, distante q.b. de um quarto particular que não conhece o diálogo da carência.
O diagnóstico foi sempre o mesmo: falhou a solidariedade na luta contra as desigualdades, e falhou o orgulho por se conviver numa vida digna, tendo em conta as capacidades de cada qual.
Afinal, continua a ter êxito a competição que descartou o local asténico onde nenhum coração pode bater esperançoso, antes, o enorme umbigo confere ritmo às relações humanas, qual cruz sorteada a cada, depois de um canto de sereias determinar o a quem.
No entretanto, muito se presencia uma vida de coma assistido.
Continuamos juntos, sem um progresso em direção ao respeito pelo indivíduo. As fortes disparidades proliferam e multiplicam-se no egoísmo e suas consequências, a fim de que uns, se possam sentir por natureza, mais do que outros, por virulento, desprovido, bolorento e delinquente que seja esse mais.
De registar que a falta de investimento na cultura e na educação serão sempre pródigas no manter do statu quo.
Pergunta-se: como pode uma sociedade prosperar de forma equitativa se o plano do poder ignora o contrato social?
Creia-se que o continuar do cada um por si, é o definitivo naufrágio.
Já é um parágrafo na história da civilização.
Será pois a impossibilidade definitiva de um feliz deus tirar fotografias atras de fotografias.
Teresa Bracinha Vieira