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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  


112. ONDE FICAM AS FRONTEIRAS DA EUROPA?


A Europa é, em primeiro lugar, uma convenção geográfica.

Uma primeira visão abstrata remete-nos para as suas fronteiras geográficas.

Usando como referência a territorialidade continental dos países integralmente europeus que a compõem, temos a Albânia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Bielorrússia, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Chéquia, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Kosovo, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Macedónia do Norte, Malta, Moldova, Montenegro, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Sérvia, Suécia, Suíça e Ucrânia. A que se juntam a República de São Marinho, o principado de Andorra, do Mónaco e de Listenstaine, e a cidade-estado do Vaticano.

Tem como países transcontinentais, parte integrante da Europa e da Ásia, a Rússia, Turquia, Arménia, Azerbaijão, Cazaquistão e Geórgia.

Que as convenções geográficas (e políticas) são flexíveis, prova-o o facto de, pelas mais atualizadas, a localização da Madeira e das Canárias ser africana, a de Chipre asiática, estando Malta na mesma latitude do Magrebe.   

Também da lista de membros da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), faz parte Israel, situado na Ásia.

E entre os países concorrentes ao festival eurovisão da canção consta a bem longínqua (em termos geográficos) Austrália e, de novo, Israel.

Não se veem razões para negar qualquer vocação europeia a países transcontinentais como a Arménia, Azerbaijão, Cazaquistão, Geórgia, Rússia ou Turquia. A países com uma parte considerável de história comum como Israel, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, toda a América Latina, africanos mais próximos como Cabo Verde, Marrocos e Tunísia (entre outros), de que a apetência crescente de adesão e de cooperação com a União Europeia é sintomática.

Indicia-se, por exemplo, que a Europa política, cultural ou religiosa não tem de coincidir com a geográfica, sendo prioritário saber até onde vai esta, onde começa e acaba, alargando-a para outras fronteiras não meramente geográficas, tornando politicamente insustentável, a longo prazo, a atual linha divisória entre a Europa e a Ásia, a África e demais continentes.       

 

01.07.2022
Joaquim Miguel de Morgado Patrício