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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  
   Escola de Atenas de Rafael


195. DE TUDO QUANTO MUDA, O QUE MENOS MUDA É O SER HUMANO


Quem acreditou e acredita que o progresso material e tecnológico traria e traz consigo toda a panóplia de progressos, entre os quais o moral e ético, e que quanto mais se avançar no futuro as ideias pacíficas progredirão, facilmente conclui que não, se fizer uma viagem minuciosa pelo passado de todas as civilizações.   

A condição, o conteúdo e a natureza intrínseca do ser humano permanecem, nem é previsível que se alterem enquanto existirmos, uma vez que os nossos instintos ou sentimentos de ambição, poder, ódio, amor, posse, propriedade, sobrevivência, de defesa, entre outros, sempre existiram e permanecerão. 

Podem modificar-se os modos exteriores da sua expressão, os motivos imediatos e métodos usados, adaptando-os e flexibilizando-os consoante as circunstâncias, mas a dimensão específica e essencial do ser humano permanece.     

Enquanto o progresso científico e técnico é portador de uma evolução gradativa, progressiva e sucessiva de avanço e inovação, o mesmo não sucede com o tempo cumulativo do desenvolvimento das relações humanas, podendo ser progressivo, regressivo ou repetitivo.   

O sermos mais avançados científica e tecnologicamente não nos garante sermos humanamente mais pacíficos e “civilizados”, sendo mais um culto prestado à ciência e à nossa capacidade de invenção e inovação, que não se compadece com realidades permanentes como a guerra, instintos como o ódio, o fanatismo e a luta pelo poder a qualquer preço, a mando de psicopatas, narcisistas, megalomaníacos e maquiavélicos. Que fazer? Desistir? A resposta, por nós, deve ser negativa.

Aceitando que o género humano é imperfeito por natureza, com caraterísticas boas e más (invariáveis ao longo do tempo), há que priorizar as suas qualidades, cultivando-as em prol do bem comum e da dignidade da pessoa humana, dado sermos perfectíveis, apesar da nossa imperfeição, mesmo que cientes de que de tudo quanto muda, somos nós o que menos muda. 


10.01.25
Joaquim M. M. Patrício

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