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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  
    Imagem: Freepik


196. PARADOXOS


Impressiona que o “Norte” ocidental seja maioritariamente estigmatizado como  imperialista, colonialista, neocolonialista, capitalista, xenófobo, racista, esclavagista,   islamofóbico, entre outros desdéns, desde logo provenientes do “Sul” global e, ao mesmo tempo, ser avidamente procurado por populações que põem a vida em perigo através de barcos e caminhos pedestres improvisados, em busca de um bem-estar que lhes é negado nos seus países, mas que sofregamente desejam alcançar num Ocidente  tão desacreditado. 

Não se emigra, hoje, nem se pede asilo político ou o estatuto de refugiado, ansiosa, ávida e desejosamente, para países onde não funcionam as regras mínimas de um Estado de Direito e dos princípios democráticos (mesmo que imperfeitas), pois não há essa emigração e procura para países como a Coreia do Norte, Afeganistão, Cuba, Venezuela, Irão, Rússia, China, estados árabes ricos como a Arábia Saudita, tidos, por tantos, como anti-imperialistas, anticolonialistas, anticapitalistas, antirracistas. Em contrapartida, emigrasse, pede-se asilo político e o estatuto de refugiado, ansiosamente e com avidez, para os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália, países da União Europeia e alguns mais que, de tão predatórios e vilipendiados, deveriam ser evitados. 

O que os move? Muitas razões, sem dúvida. Muitos aspiram à integração, com gratidão e reconhecimento, através da adesão aos valores cívicos dos países de acolhimento. Outros não se integram e são portadores de uma rutura e separação em relação a quem os acolhe, culpando-os por terem alguma coisa que acreditam merecer mais, dando azo a ressentimentos recíprocos, deles próprios e de quem os recebe.

De todo o modo, se o Ocidente é tão opressivo e explorador, é um contrassenso ser procurado por quem o abomina e tem como a causa de todos os males. Também é incongruente muitos dos seus nativos demonizá-lo porque, no essencial, tudo ou quase tudo é mau e nele nada ou muito pouco encontram de bom, pessoas a quem faltará, por certo, viver outras experiências em latitudes mais próximas da sua ideologia onde, por vezes, uma mera discordância os condenaria para sempre (sendo mulheres, em alguns desses países, maior será a punição).


17.01.24
Joaquim M. M. Patrício

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