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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  


198. INTERPELAÇÕES SOBRE GUERRA E PAZ


A guerra é uma realidade histórica que tem acompanhado fielmente os humanos no seu percurso terreno.  

Se analisarmos o que aconteceu ao longo da História, concluímos que é mais fácil dar passos em direção à guerra do que fazer a paz, razão pela qual nunca houve, que se saiba, uma paz total no nosso planeta, pois subsistem permanentemente guerras, mesmo quando maioritariamente há paz.     

Se a bondade e a ferocidade são algo de inerente e natural ao ser humano, o ideal é o lado bom prevalecer e erradicar a destruição e a violência, em harmonia e conjugação de esforços por um bem maior e comum a toda a humanidade.   

Quem luta pelo poder quer conservá-lo, se necessário através da força, usando a guerra, no seu grau mais extremo, porque ninguém gosta de perder, o que leva os decisores políticos a prolongar negociamentos ao máximo da sua extensão, para não perderem a face ou não ficarem desapossados daquilo que eram os ganhos que anteciparam antes do conflito, sem esquecer a manipulação e o relacionamento com as suas próprias audiências e populações.   

Hobbes fala no “homo homini lupus”, que significa “o homem é o lobo do próprio homem”, sem preocupações metafísicas, o que explica, sob um ponto de vista racional, ser mais entendível fazer a guerra que a paz.

A paz perpétua, incluindo a de Kant, é tida como uma quimera, embora discorresse, com mistério, que a providência usava a guerra para preparar ou realizar a convivência pacífica dos povos. 

Mesmo que haja uma guerra justa e esta seja indispensável para obtenção da paz, a guerra é vista, infelizmente, como um instrumento essencial e insubstituível. 

Será que haverá, algures, uma civilização extraterrestre desconhecida que nos poderá resgatar, fazendo uso do culto e uso pacífico da paz, a tomarmos como referência, já que, entre nós, nem a religião, com os seus castigos e dogmatismos, se liberta do uso do poder pelo poder e do não querer perder?       

A resposta indicia-se negativa, se atentarmos na profusão de literatura fantástica e de ficção científica, pelas suas adaptações cinematográficas, em que há sempre vencedores e vencidos (como na vida real), os que nunca abdicam voluntariamente do poder porque não podem nem querem perder, em que outras civilizações entram em choque e guerra com a nossa, sempre pelo poder, querer vencer e ninguém querer perder, indiciando futuras guerras espaciais interestelares.       

Por princípio, todos gostam de ganhar e ninguém gosta de perder, e alguém tem de ganhar e perder, pelo que a guerra e a paz existem, como parte necessária do ser humano. Mesmo que se tenha a guerra um absurdo, uma derrota e uma mentira, será realista (embora desejável) olhá-la como uma contingência não irredutivelmente eterna? 


31.01.25 
Joaquim M. M. Patrício

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