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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICAS PLURICULTURAIS

  


216. ATÉ SEMPRE, FERNANDO!


Conhecemo-nos pessoalmente no lançamento simultâneo de dois livros de um conhecido ensaísta e escritor.     

Estarmos sentados, lado a lado, propiciou a conversa e a empatia foi recíproca.

Os contactos, presenciais e virtuais, continuaram e permaneceram, intervalados pelas deslocações do Fernando Venâncio entre os Países Baixos (para onde emigrara, trabalhava e constituiu família) e Portugal (onde regressava quando podia).   

Foi de uma enorme satisfação e agrado conhecê-lo e sermos amigos, dialogarmos em longas e boas conversas em esplanadas, entre almoços, jantares, telefonemas, convites para apresentações públicas de novos livros (sem esquecer a feira do livro), algumas caminhadas, deslocações pontuais entre Lisboa, Queluz e Sintra. E através da internet e uma ou outra rede social. Se possível, uma agradável, fascinante e interessante conversa a dois tinha sempre prioridade.         

Como linguista e figura marcante e singular do panorama académico e cultural, e de um entusiamo contagiante pela língua portuguesa e galega foi, para mim, um privilégio tê-lo como amigo. Havendo discordância, sempre houve tolerância e respeito mútuo.

Depois do retorno à pátria nativa, para Mértola, a sua morte recente não me surpreendeu. Falava com ele, nos últimos tempos, amiudadas vezes, de cada vez com mais dificuldade, até ficar incontactável. 

A sua partida emocionou-me e consternou-me muito.     

Não esqueço a sua opinião, inteligente e sincera, sobre os textos que ia publicando neste blogue.

Nem o seu amor e dedicação pela Galiza.     

Nem a inesperada surpresa que me deste, Fernando, com os agradecimentos finais do teu livro “Assim nasceu uma língua”, ao referires o meu nome, entre outros, com “Um sincero e forte obrigado a quantos, no decurso de anos, com um pequeno ou grande contributo, tornaram este trabalho menos árduo”.     

E que palavras generosas teres escrito, para mim, em dedicatória, que esse teu “livro testamento” alguma coisa de precioso me deve, sem que eu, alguma vez, o tenha consciencializado (mesmo sabendo que muito falávamos sobre o nosso idioma).

Por tudo, tudo o que vivemos, o meu muito obrigado.     

Até sempre, meu bom Amigo Fernando!


06.06.25
Joaquim M. M. Patrício