CRÓNICAS PLURICULTURAIS
230. SABER ACEITAR E USAR A INEVITABILIDADE DA EVOLUÇÃO
Gostemos ou não temos de aceitar a evolução, dado ser algo que nos ultrapassa e para a qual não temos escolha. É um movimento imparável e não referendável, uma realidade que acontece e se impõe por si e que ninguém controla.
Face às nossas criações já há avatares e conteúdos totalmente geridos por inteligência artificial, no médio prazo estão programados aparelhos através dos quais as pessoas falarão entre si, independentemente do idioma de cada um o que, por um lado, é fascinante e, por outro, inevitável.
Essa evolução, em si, faz parte do processo evolutivo, que se vai sedimentando e evoluindo progressivamente por camadas, sendo inelutável e irreprimível.
Mas embora a nossa opinião sobre se é bom ou mau seja irrelevante, dada a sua natureza evolutiva e ininterrupta, o que podemos e devemos escrutinar é saber como usar essas novas ferramentas e as suas transformações para melhorar a nossa qualidade de vida de um modo construtivo, digno e equitativo.
Por exemplo, as potências nucleares são uma realidade factual e indesmentível da sociedade internacional imperfeita em que vivemos, mas podemos e devemos contribuir e esforçar-nos para que o uso nuclear se paute por um alto sentido de direção ética, moral e política, controlando ou influenciando, na maior extensão possível, a definição dos fins e a escolha dos meios respetivos para alcançar uma mais valia que otimize o bem-estar de todos e a nossa relação com os outros.
O mesmo quanto ao uso da inteligência artificial e à genética, podendo haver evoluções negativas ou benéficas, sendo insuficiente dizer que dependem sempre de nós, porque criações humanas, dado que basta haver um grupo de pessoas que as queira usar para controlar o nosso planeta, o que é assustador, no mínimo.
Pode não ser o modelo que permita atingir o ideal, mas sempre será melhor que lavar as mãos do inevitável, numa fuga para a frente de pura impressionabilidade desligada da realidade.
17.10.25
Joaquim M. M. Patrício