DESAFIOS PARA FRANCISCO
Perante uma das mais graves crises de sempre da Igreja, o desafio maior para Francisco continuará a ser tentar converter a cristãos os católicos, começando pela cúpula: cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas. Essa conversão implicará uma organização eclesial na linha do Evangelho.
O próximo ano será marcado por acontecimentos decisivos para se saber qual o lugar que a História reservará a Francisco: um Papa da continuidade ou o Papa da ruptura que se impõe.
1. Em Fevereiro, reunião em Roma com os Presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo sobre a pedofilia. Ter-se-á a coragem de tomar medidas que acabem com essa podridão estrutural na Igreja? Vão ser abertos os arquivos para ficar a claro por uma vez tudo o que tem acontecido? E serão devidamente sancionados, colaborando também com a justiça civil, os abusadores e os encobridores? E para a formação dos novos padres: mais presença feminina e testes de maturidade, também com peritos credenciados de saúde mental?
2. Em Março, será aprovada a nova Constituição Apostólica sobre a Cúria Romana, Governo central da Igreja. Continuará o centralismo ou haverá uma Constituição democrática, de comunhão, com representação de todos, incluindo as mulheres, e das Igrejas locais do mundo, superando o dualismo clero-leigos a substituir pela relação viva: comunidade-ministérios (serviços)?
3. O Sínodo sobre a Amazónia em Outubro: ocasião para aumentar a consciência ecológica global e avançar com novos ministérios, incluindo a ordenação de homens casados?
4. Em Janeiro, na Jornada Mundial da Juventude no Panamá: o anúncio da próxima Jornada em Portugal em 2022, com o regresso do Papa ao país, constituirá um novo impulso para reanimar a Igreja em Portugal, que parece continuar paralisada?
Ano novo 2019 bom e feliz!
Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia
Escreve de acordo com a antiga ortografia
Artigo publicado no DN | 29 DEZ 2018