ELIO PECORA
Um dos maiores poetas italianos da actualidade.
Para Elio a poesia é o espaço maior de um diálogo pleno com o “outro” – uma forma de o alcançar, tocar, deter. E comover.
Vão: mãos, pés, rostos
- infinita multidão de esperas,
de esperanças, de iguais
na fome, na morte,
um procurando o outro
que tranquilize, impeça, todos cumprindo destinos
variamente cruzados,
nunca cessando atrás das artérias,
até dentro do riso ou do grito,
o medo de ser expulso
de um recinto indefeso
Confesso que até achei ou quis achar, que três razões me levaram a Taormina: conhecê-la, e dela partir até ao Etna. Conhecer Elio Pecora ao ler um dos seus poemas, daqueles que, em navios, só navegam em mares de mudança.
Elio captura a emoção estética na escolha das palavras. Entendi pois fazer defesa da finura compositiva, tão necessária ao retirar da máquina opaca que hoje muito escreve e publica e pouco ou nada provoca no leitor.
A poesia de Elio Pecora suscitou que Alberto Toni (poeta de maturidade com uma tese em Roma na Universidade Sapienza ) tornasse público o seu pensamento de que o sec.XX italiano é o século “dos grandes isolados, verdadeiras vozes de uma modernidade que autenticamente ensina qualquer coisa”.
Dario Belleza ( poeta e dramartugo lançado por Paolo Pasolini) considerou a poesia de Elio como “ sinal de qualquer coisa que não morre, de uma fé pela poesia além dos vanguardismos estéreis, a recusa de aceitar a barbaridade”.
Elio Pecora definido como “um aristocrata da poesia”, homem de muitas e inúmeras solidões, terá visto na lava do Etna uma graciosa leveza da zanga do centro do mundo ?
Não sei. Eu interpretei assim e também me aconcheguei à ideia de que as lavas são campainhas para que não adormeçamos na paz do tão pouco.
Ainda hoje voltei a sair à rua com um dos livros de Elio Pecora na mala, ou não fosse sempre instante de
(…) o golfinho veloz
na agua azul levando
a primeira vontade de existir.
(…)agora, promete-me seres eterno.
(…) Eu digo: “eterno é isto que vivemos”
(…) atravessarmos estreitamente juntos
a hora da estação e o destino.
Nunca longe dos lugares cultos gregos e latinos, assim se é: águas de naufrágios, largadas cumpridas, e sempre o tempo de insuficientes razões.
Teresa Vieira
Sec:XXI