Envelhecer é uma arte
As relações de sexo podem ser vividas enquanto somos novos, mas os encontros de amor exigem maturidade, quase ausência de desejo. Gosto de estar aqui contigo, fazer festas no teu corpo já cheio de tempo, apetece-me beijar-te porque estou a beijar a tua história pessoal, aquilo que viveste, as tuas alegrias e as tuas dores. É nestas coisas que sinto que envelhecer é uma arte e que o amor só se vive plenamente quando o desejo já não comanda o nosso encontro mas sim aquilo que somos e a qualidade da nossa relação. Quando casei tu eras nova, mas nunca consegui estar contigo como estou agora.
(…) Volto à mesma. Temos que mudar a vida e isso não se consegue com revoluções. Consegue-se por outra forma de olharmos uns para os outros.
António Alçada Baptista, in “O Tecido do outono” 1999, ed. Presença
Teresa Bracinha Vieira