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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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EVOCAÇÃO DO TEATRO NO PAÇO DA RIBEIRA

 

Nesta alternativa de teatros históricos decorrentes da inovação romântica e pós-romântica e os teatros mais modernos, aí incluindo os do que chamamos a geração dos cineteatros e os teatros atuais, referimos hoje, precisamente numa “retrospetiva histórica”, o denominado Teatro do Paço da Ribeira em Lisboa. Mas será então oportuno situar uma cronologia que reforça o carater específico e a memória deste efémero monumento urbano.

 

Desde logo porque o Teatro é integrado no próprio Palácio Real, situado no que é hoje o Terreiro do Paço – Praça do Comércio. O Palácio começa a ser construído em 1498 para residência da Corte, sendo D. Manuel I à data Rei de Portugal. O Trono e a Corte instalam-se em 1503 mas o terramoto de 1755 destrói por completo o Palácio que como tal não será reconstruído – e isto, sendo certo que o Paço da Ribeira já em parte sobrevivera a outro sismo, em 1531.

 

Na série de livros sobre Casamentos da Família Real Portuguesa, coordenados por Ana Maria S. Rodrigues, Manuela Santos Silva e Ana Leal de Faria, encontramos no Volume IV, editado em outubro último, um estudo sobre este Palácio, da autoria de Carla Alferes Pinto, com referências a espetáculos nele produzidos para a Corte. Aí designadamente se remete para “um grande serão tão ao gosto de D. Manuel I e da filha mais nova, D. Beatriz” ocorrido em 4 de agosto de 1521, assinalando as festividades do casamento desta.

 

Houve baile real. E acrescenta o texto de Carla Alferes Pinto que aqui citamos (pág.179):

 

“Depois dos folguedos, e enquanto os membros da corte se acomodavam em cadeiras, almofadas ou se mantinham de pé (segundo o rigoroso figurino das precedências cortesãs), e descansavam, teve lugar a encenação da tragicomédia Cortes de Júpiter escrita por Gil Vicente para a ocasião”.

 

O estudo prossegue em dezenas de páginas que descrevem todo o contexto politico, social e cultural da negociação e do noivado de D. Beatriz.  Mas o que aqui nos importa sublinhar é precisamente o enquadramento da “transformação” do Palácio em Teatro, episódica e circunstancial que tenha sido: e não muito mais se poderia aliás dizer, como vimos, do Palácio em si, desaparecido com foi menos de 60 anos depois de inaugurado!  

 

DUARTE IVO CRUZ