"HÁ POEMAS..."
Há poemas que saíram discretamente em revistas com pequenas tiragens e hoje fazem parte do património de um povo ou mesmo da humanidade. O Centro Nacional de Cultura não é uma organização de massas, mas com uma longevidade impressionante tem marcado, pelas intervenções directas e pelas pontes que promove, a vida portuguesa de forma cirurgicamente interventiva, assinalando acontecimentos, abrindo horizontes, promovendo reflexões, interpelando com notável equilíbrio e espírito de diálogo, congregando muitos dos espíritos mais lúcidos e das figuras mais marcantes da nossa... cultura.
Seja-me permitida uma nota pessoal que recorda um dos vectores chave do CNC (e haveria que acrescentar as viagens ao estrangeiro com a portugalidade como pano de fundo). Sem prejuízo de um longo acompanhamento, incluindo a revista "Raiz e Utopia", e de uma ou ou outra colaboração, o nosso (casal, Teresa Curvelo e eu) período áureo de vivência relacionada com o Centro Nacional de Cultura coincidiu com a Direcção de Helena Vaz da Silva e teve a sua expressão maior nalguns passeios / roteiros no País, inesquecíveis.
O passeio garrettiano no Tejo com Joel Serrão. A visita à Assembleia da República. A Estação Elevatória dos Barbadinhos com Fernando Castelo Branco, Jorge Graça e José Manuel Fernandes e o Aqueduto das Águas Livres, em que felizmente não nos cruzámos com Diogo Alves. A visita ao Palácio de Belém com José António Saraiva durante a presidência de Ramalho Eanes (ele e a Mulher impecáveis anfitriões), na altura em que se aproximavam as eleições em que estaria em jogo a sua reeleição, num ambiente já algo tenso embora ainda longe da tragédia de Camarate. Que sei eu!
Mas a escolher um roteiro, talvez a fantástica visita a Alcobaça, dos telhados ao jantar na fabulosa cozinha, com Rui Rasquilho. Memorável!
João P. Boléo