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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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LONDON LETTERS

 

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An appeal from the blue mountain, 2015

A sagrada montanha azul no topo do mundo treme e o povo nepalês pede que oremos por ele. O país é atingido por força equivalente a 20 bombas atómicas — a 7.8-magnitude earthquake

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O choque nas gigantes placas tectónicas dos Himalayas está em curso livre desde este weekend. A avalanche de neve, gelo e pedras nas escarpas brancas do Everest já alisou o casco histórico de Kathmandu, mas a contagem crescente das baixas continua em todo o vale até aos picos tibeteanos. — Chérie, les jours se suivent et ne se ressemblent pas! A emergência na cordilheira misteriosa desvia o olhar de outros em estádio de necessidade. A European Union ergue um muro ao largo do Mediterranean Sea para supostamente fazer face às migrações negras dos que fogem à guerra e à fome, em busca de uma vida digna. — Hmm. What must be done need not be said, and what must be said need not be done. A campanha eleitoral entra na última semana com as opções em aberto quanto ao próximo captain no Number 10. The Queen e parada no Cenotaph em Central London marcam o Gallipoli centenary, com uma prece aos céus e aos corações por aqueles que lá cumpriram o último sacrifício. A campanha militar nos Dardanelles Straits afasta o jovem First Lord Winston S Churchill do British Admiralty e custa a vida a 130,000 soldados da Commonwealth.

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A few Winter showers with sunny spells around, em pleno galope para o encerramento na campanha à mais incerta eleição geral na última geração. Quem governará o UK após May 7th? As sondagens não sabem e as lojas de apostas somam libras em dois epílogos: Lab minority govt – 36,4%; Con-Lib Dem coalition – 21,2%. O cenário pós eleitoral complica-se, porém. Ganhe quem ganhe o sufrágio, Conservatives ou Tories terão minorias na House of Commons e resta-lhes o colorido puzzle dos 650 MPs para entrar em Downing St. Ora, as hostilidades na batalha partidária estão a reduzir o leque de hipóteses. O Labour rejeita qualquer acordo com os nacionalistas do SNP devido ao seu designio de fraturar o reino unido. Agora são os Liberal Democrats a declinar o apoio aos trabalhistas para comandarem o No. Ten. Entre uns e outros, a Scot First Minister robustece o estatuto de estrela nas highlands e nas preferências populares da Great Britain. Uma sondagem sobre qual o político mais capaz para liderar a Westminster democracy diz das simpatias pelo progressismo: Nicola Sturgeon – 40%; David Cameron – 26%; Ed Miliband – 11%; Nick Clegg – 1%. Extraordinário é que a senhora nem sequer é candidata.

O Sturgeon factor ameaça todos na caça ao voto, que é aqui sumamente local. Os Tories exploram o St Georges day para apresentar paroquial visão de ‘English votes for English laws,’ a chamada “West Lothian question” que repetirá a South a divisão a North. Temo até que, após Scotland e Europe, a propensão referendária de TRH David Cameron alastre algures a Wales. Por seu turno, após estupendo clash com o azulíssimo Mayor Boris Johnson no BBC’ sofa de Andrew Marr, o Labour Leader expõe na Chatham House as diretrizes da Miliband Doctrine. Europeísta por convicção, o New old Labour defende “an ethical foreign policy” assente em três princípios: “Human rights, climate change and tackling inequality.” No mais, sob “the primacy of multi-lateral institutions,” assume que “there’s a place for intervention, but only if it’s done right – and if post-war planning is adequate.” O General Election tracker mantém o glocal suspense: Labour – 33,6%; Conservatives – 33,4%; Ukip – 13,3%; Liberal Democrats – 8,4%; e Greens – 5,3%. As perspetivas a North atribuem 10% da House of Commons ao SNP. Faltam 9 dias para soar o decision bell.

Nuvens incertas pairam também na frente financeira e na novela helénica pelos eurogabinetes. O governo irlandês revela novo plano económico para enfrentar as próximas eleições gerais. No Spring statement, Dublin afasta a linha austeritária e o Minister for Finance quer inscrever “€1.2 billion and €1.4 billion for tax cuts and spending increases” no seu orçamento outonal. Que as milionárias contas andam inquietas prova-o multa recorde aplicada ao Deutsche Bank pelos reguladores nos USA e no UK. A pena soma £1.66 bn ($2.5bn) por alegada manipulação das taxas de juro. Entretanto, a braços com idênticas atribulações, o Finantial Times informa que o HSBC ameaça deslocar a sua sede da City para amenas, capitalistas e orientais paragens. — Well. A closed mind is like a closed book; just a block of wood.

St James, 27th April

Very sincerely yours,

V