LONDON LETTERS
A new European crisis, 2015
Fim de férias no continente e retorno ao business dos dias na verdejante ilha do North Atlantic. A vaga crescente da emigração domina lá e cá a agenda política. Assolada a East e a South por hordas de desesperados que fogem da guerra e da pobreza que enxameia Africa, preferindo enfrentar uma morte provável nos desertos e no Mediterranean, a Deutsche European Union parece por fim acordar para a grave crise humanitária que a envolve. — Chérie! L'historie se repétète. As notícias eram de algum modo esperadas, mas não deixam de horrorizar.
O responsável pelos tesouros sírios de Palmyra é barbaramente assassinado pelo Isis. Os jihadistas iniciaram usual e psicótico programa de destruição dos ancestrais templos na estrada de Damascus. — Hmm! The simple explanation is usually the correct one. A corrida à liderança no Labour Party exacerba-se no fogo de artilharia contra Mr Jeremy Corbyn, esperado vencedor nas eleições de September 12. Nos US, o establishment estremece com um outro meteoro a que o meu amigo Jon L designa como The Hairforce One. Classificado com nota máxima em obnoxiouness no Financial Times, Mr Donald Trump solidifica posições e apoios no Republican ticket para a White House.
Typical mild weather em Central London. A cidade continua fervilhante com turistas de todas as cores e culturas. Quantos dos transeuntes com que me cruzo nestas movimentadas ruas são indivíduos ilegalmente entrados no país, desconheço. Os números oficiais apontam novo recorde na net emmigration: 330,000 pessoas em 2015, a desafiar as metas do controlo governamental e a cravarem o assunto nas renegociações que Westminster pretende estabelecer com Brussels no seu roadmap to the euroreferendum.
O êxodo que avassala partes do globo não pára nas cercas privadas de Calais ou no muro público da Hungary. Se a retórica contra o Joe Foreigner pauta ainda o discurso de HM Government, os números contraditam o Prime Minister David Cameron na reiterada meta de diminuir o volume de alienígenas que aqui persistem em construir uma nova vida e assistem à robusta recuperação económica do reino registada nos últimos anos. Também os sucessivos ataques aos centros de acolhimento na Germany assombram o discurso liberal da Bundeskanzlerin. Frau Merkel apela aos alemãos para acolherem bem os refugiados e sublinha a política de tolerância zero face ao racismo e à xenofobia no coração da Old Europe. A South, aliás, a barbárie expande-se e o êxodo continua. No amanhecer sírio de Homs, a silhueta das ruínas dos impérios Semitic, Assyrian, Seleucid e Roman é destruída com bidões de dinamite. A Hadriane Palmyra está a morrer.
Já Mr Ian Fleming parece finalmente ter um discípulo com estatura para fazer reviver as aventuras e o dark charm de James Bond, em vésperas do ator Mr Daniel Craig protagonizar o 24.º filme da série 007 com passagem pelo Blenheim Palace, the birthplace of Sir Winston Churchill. Mr Anthony Horowitz lança Trigger Mortis como novo título da spy-saga. O conteúdo é tal que o pouco dado a entusiasmos Prof Simon Schama resume em muito favorável crítica com recurso a superlativo e a agendar obrigatória leitura outonal. — Expertly mixed.
St James, 1st September
Very sincerely yours,
V.