Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

 

Untitled.jpg

 

A dangerous climate change, 2015-20

 

O Chancellor, o Shadow Chancellor e o Chairman Mao Zedong pontuam no Autumn Statement e Spending Review. Enquanto a House of Commons debate dentro e fora do plenário os impostos e ainda o going to war against Isis, o Labour Party antecipa-se e entra en guerra consigo próprio em Westminster Square. — Chérie. Qui

Untitled 2.jpg

vivra verra. Et qui n’avance pas, recule. Brussels aprova numa mini cimeira europeia um cheque de 281 milhões de euros para a Turkey e acelera o dossiê da integração. O jogo chama-se defesa das fronteiras externas, após Mr Donald Tusk revelar a entrada ilegal de 1,5 milhões de pessoas nos territórios de Schengen em 2015. A secular Ankara é encarada como ator maior também na contenção geoestratégica do terrorismo jihadista. Já France honra as vítimas do 13/11 num remembrance service e o President François Hollande reune no Élysée Palace com o Prime Minister RH David Cameron. — Well! A friend who shares is a friend who cares. O Team GB conquista a Davis Cup, com Mr Andy Murray a quebrar 79 anos de interregno ao selar o décimo triunfo britânico no mundial de ténis. Um apelo à paz e à justiça marca a jornada africana do Pope Francis. A Climate Conference Cop 21 abre em Paris sob grandes expetativas.

Untitled 3.jpg

Occasional rain within windy days em London. Aquém e além Channel, o «efeito Paris» contrasta a agitação nas chancelarias com a indiferença dos mercados face ao l'attentisme, quando a City estima a perda de 100,000 empregos em caso de Brexit. Mas por cá são tempos para ver o nunca visto na House of Commons. Duas imagens ficam na retina. O líder do Labour sozinho na primeira linha da bancada da HM Opposition, mais uma ousada MP atrás de si. O Shadow Chancellor John McDonnell a ler na despatch box excertos do China Chairman Mao Zedong's Little Red Book, alegadamente para assistir o Conservative Govt na missão de captar investimentos de Beijing para mais British infrastructure projects. Ora, presenteado com a própria cópia assinada do número dois do Team Corbyn, o Chancellor of Exchequer reage com acutilância: "The problem is half the shadow cabinet has been sent off for re-education. People treat this Labour leadership as a joke; they’re actually a real threat to national security." Se uns se espantam, inquietos ficam os outros MP’s do Lab Party. O Tweetminster entra em espiral. "There is literally nothing that John McDonnell can say now that will make this speech about anything other than Mao. Total unforced error,“ escreve Ms Karim Palant, membro da anterior equipa trabalhista das finanças e próxima de Mr Ed Balls. Note-se que o Parliament debatia o orçamento, com o discreto fim da austeridade e a ocupação do centro político pelos Tories, sob o signo da ambição de RH George Osborne se mudar para o No. 10 em 2020.

Untitled 4.jpg

A New Scientist lança intrigante questão na sua última edição: “What are memories made of?” Mrs Clare Wilson chama-lhes “shadows of the past.” Em curioso artigo, a medical reporter indaga várias modernas teorias e admite inclusive a hipótese Harry Potter – serem como que bolhas de informação contidas na cabeça; logo tropeça nos porquê e como a selecionamos, a guardamos e àquela acedemos. A conjetura literária não anda, aliás, arredada das bancadas dos laboratórios onde se ensaia descobrir o puzzle do human brain. Assim: tanto exploram as objetivas ramificações elétricas dos neurónios e os estímulos das sinapses no sistema nervoso, quanto as experiências subjetivas de Monsieur Marcel Proust (1871-922) ao retratar o percurso biográfico no notável À la recherche du temps perdu. O presente estado das artes mentais igualmente deambula pelos territórios da experiência, da consciência e do pensamento com a sageza de Michel de Montaigne ao fixar que “nothing fixes a thing so intensely in the memory as the wish to forget it” ou a imaginação de Haruki Murakami para quem “memories warm you up from the inside.” Esta navegação centrada no conceito das reminiscências pessoais reveste possibilidades infinitas, decerto ainda tributárias da sci-fi ao aceder aos códigos que sondam a matrix do tempo tríbulo passado-presente-futuro. — Well! I do have a completely different question: Why memory is not working in ours Politics?

 

St James, 30th November
Very sincerely yours,
V.