LONDON LETTERS
Mr Cameron went to Brussels, 2016
"Events dear boy, events" to quote RH Harold Macmillan. É oficial e muito, muito, muito sério. HM Government recomenda voto para a conservação do United Kingdom na European Union e o Prime Minister marca o referendo para o dia 23rd June 2016. Uma data
histórica? A crer na rebelião que soa no reino, talvez a day with a destiny. — Chérie. Ce n’est pas à un vieux singe qu’on apprend à faire des grimaces! Dias também da perda de dois grandes da literatura universal. Mrs Harper Lee parte aos 89 anos e Signori Umberto Eco viaja aos 84. Se a discreta autora de To Kill a Mockingbird lega Mr Atticus Finch, herói da general law—which bears the name of Justice, ao efusivo novelista de Il nome della rosa cabe a reinvenção de dedutivo Mr Homes na pele do medievo franciscano Friar William of Baskerville. — Hmm! It takes great skill to hide the fact that you have great skill. Tributos soam ainda na morte do Captain Eric "Winkle" Brown, aos 97 anos, herói da RAF, veterano da II WWar e o mais condecorado piloto na história militar britânica. Na campanha presidencial norteamericana, Mrs Hillary Clinton e Mr Donald J Trump consolidam posições contra ventos e black ads. Já a terceira derrota eleitoral dita o abandono de Jeb B e a queda da House of Bush nos cículos de Washington. Os National Archives revelam os ficheiros secretos do poll tax e das violentas manifestações de 1990, confirmando o desfavor de Lady Thatcher aos avisos que ecoam no Tory Cabinet.
Cold but mainly dry and bright days em London. Ambiente eletrizante na House of Commons. O PM David Cameron apresenta aos MPs “the United Kingdom's special status in a reformed European Union”, após vários pesos pesados do Conservative Party como RHs Boris Johnson, Michael Gove ou Ian Duncan Smith declararem apoio à Brexit e até RH Nicolas Sturgeon agitar a bandeira em eventual nova consulta sobre a independência de Scotland. Eis o resultado de nove meses de negociações em Brussels e 27 chancelarias continentais. Após the diplomatic frenzy do Prime Minister, o caso tem foro legal de treaty change (a depositar na UN), assenta em quatro pilares (governança económica, competitividade, soberania e benefícios sociais) e alicerça-se na tese do best of two worlds: “We will be in the parts of Europe that work for us, influencing the decisions that affect us, in the driving seat of the world’s biggest single market, and with the ability to take action to keep our people safe; but we will be out of the parts of
Europe that do not work for us.” Ora, uma só linha descreve a tempestade perfeita que se avoluma nos céus de Westminster: E tudo Boris agitou.
Vamos por etapas, todavia, sob a perspetiva de Whitelhall. Sir Cameron acorda com os europarceiros a minor deal que muda algo para tudo ficar na mesma. O Labour Leader classifica-o na House como “theatrical sideshow” e o triunfo em Brussels é domesticamente disputado. Primeiro na honourable Press, com manchetes como a do Dail Mail: “Call that a deal, Dave?” Depois no seio do próprio governo e das hostes conservadoras. A insurreição já soma seis senior ministers escoltados de alas crescentes de juniors & staffers, e Downing Street teme a deserção de centena e meia de Conservative’s Members of Parliament. A clivagem rompe também as oposições, mas esta é uma batalha há décadas agendada pela Tory soul… sob liderança do Mayor of London.
Com equal brains nos dois lados desta new war of roses, agora começa parte difícil. Convencer o povo britânico da bondade ou da iniquidade do «estatuto especial» obtido pelo Premier à 25.ª hora sob a usual (and boring) coreografia gastronómica de Brussels. Ora, uma fria análise dá esquálido resumo: trivial changes within minor issues. Donde: The battle in Europe is over. Sorry, PM, the independence war starts. After all, what has the EU ever done for us? A envolvente pesa. Os mercados intervêm com a maior queda da pound vs dolar desde 2009. E as grandes companhias da City mostram hoje the red card em carta aberta nas páginas do Times. Ao fim do dia, contudo, a questão é apenas uma: "Who Governs Britain?" Acresce que as implicações de a eventual UK withdrawal from the European Union são incomensuráveis nas balanças global e regional dos poderes. No mais: Time for birdwatching. Ou: Only 121 days to go…
Porque sobram elementos shakespearianos no Brexit drama, na EU Non-reform play e na Battle between two Etonians, com many plots & court intrigue à vista, destaque para a Hogarth Shakespeare Series no 400th Anniversary. Nela se reinventam os temas do bardo nos nossos dias. A estante apresenta quatro títulos: Hag-Seed, onde Margaret Atwood reescreve The Tempest; Vinegar Girl, com Anne Tyler recriando The Taming of the Shrew; The Gap of Time, com Jeanette Winterson refazendo The Winter’s Tale; e, agora, Shylock Is My Name, de Howard Jacobson em volta de “The Merchant of Venice.” Para quem desgoste da ousadia há sempre Good Old Master Will.— Well! Think about his words in the dilematic Prince Hamlet: To be, or not to be? That is the question— / Whether ’tis nobler in the mind to suffer / The slings and arrows of outrageous fortune, / Or to take arms against a sea of troubles, / And, by opposing, end them? To die, to sleep— / No more—and by a sleep to say we end / The heartache and the thousand natural shocks / That flesh is heir to—’tis a consummation / Devoutly to be wished! To die, to sleep.
St James, 23rd February
Very sincerely yours,
V.