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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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LONDON LETTERS

    

A quiet Queen’s Speech, 2016

As métricas oferecem ângulos admiráveis sobre a realidade em volta. Her Majesty apresenta em 14 minutos o programa governamental para a nova sessão na House of Commons enquanto o líder da Most Loyal Opposition toma 41 a declarar que there is another way to run things. Já os Tories Euroceptics e os Labour MPs unem forças e introduzem uma emenda legislativa, histórica, aliás, pois a última data de 1924, a notar que falta no teor do Queen’s Speech 2016 exigível iniciativa para eximir o NHealth Service dos planos da Transatlantic Trade and Investment Partnership. — Chérie.

 Celui-la fait le crime a qui le crime sert. Austria vota a 50% em Herr Norbert Hofer para presidente. O engenheiro do FPÖ ‒ Freiheitliche Partei Österreichs é o primeiro político da far-right quase eleito nas democracias ocidentais desde a II World War. — Hmm! Who eats chicken, chicken comes to him. Julga-se saber que o Chilcot Inquiry censura severamente Whitehall e causa grave rombo reputacional nos decisores da Iraq War. A queda de um jet da EgyptAir no Mediterranean Sea eleva o alerta da ameaça terrorista. O Kosovo figura na mira do Isis. A New Yorker mede a passada na White House Race: "Columnists and magazines that a month ago were saying #NeverTrump are now vibrating with the frisson of his audacity." Uma mulher, afroamericana e abolicionista, Mrs Harriet Tubman, substitui o President Andrew Jackson nas notas de US $20. Antecipando as vagas do TTIP, o debate sobre o livre porte de armas começa no UK. Ativistas do Greenpeace escalam as colunas do British Museum em protesto contra mecenas petrolífero da exposição “Sinking Cities.” O Chelsea Flower Show abre amanhã as portas.

Light rain showers within a warm environment em Central London. A pompa e circunstância do State Opening of Parliament ainda está no ar, tal qual o spin & counterspin sobre as medidas mais abrasivas. Elizabeth II lê o discurso oficial do Cabinet no trono da House of Lords e na presença dos membros das duas câmaras, na sequência do rito do Black Rod. O mensageiro convocara os Commons para o ato da unidade política dos reinos unidos, batendo na sua porta, logo fechada em sinal de indisputável independência e só aberta depois de três toques. Segue-se a procissão de ministros e de deputados pelo Central Lobby, liderada pelo Speaker RH John Bercow, nesta sessão apimentada pela frieza do Opposition Leader RH Jeremy ‘Red’ Corbyn face a cordial Prime Minister David ‘Blue’ Cameron. Her Majesty abre o novo ciclo político com todo o fausto. A Imperial State Crown viaja até Westminster Square na Queen's Diamond Jubilee State Coach como símbolo maior da soberania da monarca. Ouve-se a orientação do executivo em sede parlamentar. Os conteúdos são relativamente inócuos, mas Downing Street enfatiza a reforma do sistema prisional e a prevenção do terrorismo a par de uma nova British Bill of Rights. Nesta linha programática de que algo importa mudar, soam os alarmes da segurança em Buckingham Palace com um intruso a escalar os muros da residência real. Segundo informação ouvida em Westminster Magistrates’ Court, o visitante é um indivíduo a cumprir pena de cadeia por homicídio, ocasionalmente "on license" e que persiste numa mesma questão ao ser detido após dembular dez minutos pelos jardins reais: "Is Ma'am in?" 

As atenções permanecem sobremaneira centradas na vivíssima campanha do referendo Yes/No à European Union.” Surgem mais consistentes sondagens quanto à disposição dos eleitores, denotando pendor Brexiter em England e Bremainer em Scotland com Wales e North Ireland somewhere between. Analisadas as cifras, sobra que os indecisos tudo decidirão ao fim do dia. A batalha dos argumentários prossegue, quente, muito quente, fogueada por interessantes estatísticas do mercado de trabalho: há mais 414,000 pessoas a laborar por cá, dos quais 50% são continentais! Ora, depois do aviso quanto a potencial rastilho da III World War, o dueto Cameron & Osborne agiganta o espantapardais financeiro: “Our economy in serious danger,” diz o PM; “Britain's economy would be tipped into a year-long recession if the UK votes to leave the EU, valida o Chancellor of The Exchequer. So, follow the money. O guião tem falhas. Se assim é, cabe perguntar, por e para quê agenda HM Government tão arriscada consulta? Alheio à confusa pugna de Blues on Blues (ou David vs Boris J), o Labour Party surfa a onda e aposta num Economic winner: a refundação do sistema capitalista, segundo a masterplan da honorável dupla Jez Corbyn & John McDonnell, exposta na Fabian Summer Conference 2016. No acelerar da contagem decrescente do voto de 23rd June: Only 30 days to go…

And now something not entirely different… A BBC 4extra tem no ar a dramatização de “The Churchills ‒ Speaking for Themselves.” O radiodrama ilumina os principais marcos da vida de um aristocrático casal que marca a história do século XX e baseia-se nas cartas trocadas entre Sir Winston Spencer Churchill (1874-965) e a esposa Clementine Ogilvy Hozier (1885-977), depois, por direito próprio, Baroness Spencer-Churchill. A correspondência abre aos primeiros contatos, em 1904, após uma dança em Crewe House, atravessa curta courtship em 1908 e mantém-se ao longo do casamento de seis décadas que baliza muito do mundo político no qual hoje vivemos e é desde logo marcado pelas duas guerras mundiais. Celebrado a 12 September na Church of St Margaret's, em Westminster, e nenhuma outra senão a paróquia anglicana da House of Commons, este é um enlace feliz e nele nascem Diana, Randolph, Sarah, Marigold e Mary.

A cuidada edição do correio privado cabe justamente à ativa Baroness Soames (falecida em May 2014) e “The Personal Letters” vêem estampa em 1999. A Four+ faz agora de Mercury e recupera as linhas de cumplicidade do doce casal, protagonizado nas sintonizadas vozes de Mr Alex Jennings (como W "Pug") e Mrs Sylvestra Le Touzel (C "Cat"). — Well! Always, with everybody and in all circumstances do as told by Master Will in “All's Well That Ends Well:” Love all, trust a few, / Do wrong to none.


St James, 23th May                     

Very sincerely yours,

V.