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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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LONDON LETTERS

 

Great Balls of Fire Fun, 2016

 

Totally fun, indeed! RH Edward “Ed” Balls rumava até ao Treasury para desempenhar o cargo de Chancellor of The Exchequer quando o eleitorado lhe mostra cartão vermelho. Um ano depois, entre um livro das memórias políticas e um ensaio académico sobre a independência dos bancos centrais, ei-lo como estrela

em Strictly Come Dancing. E é um épico. — Chérie! La joie de vivre est la chose la plus facile à transmettre. No Labour Party regressa e segue o psicodrama. O Sunday Times anuncia o regresso de RH Tony Blair à vida política para preencher vazio no mercado, dado ver um Prime Minister “lightweight” e “a nutter“ Opposition Leader, coloridos ultrajes que porta-voz hoje nega. He is back to save us, of course! Também a hard Left manobra para deselecionar RH Hilary James Benn de MP por Leeds Central, depois do Comrade Jez Corbyn o despedir de Shadow Foreign Secretary e a House of Commons o eleger como Chair do Exiting the European Union Select Committee. — Hmm! Look to the helm, my good master. Já Mrs Theresa May exorta a comunidade de negócios a que auxilie o HM Government no restauro da erodida confiança no capitalismo. Além Channel, Frau Angela Merkel recandidata-se ao quarto mandato da CDU em Germany e Monsieur François Fillon esmaga nas primárias da direita em France. Italy vive a alta tensão de indefinido referendo constitucional. O US President-elected Donald J Trump apresta a sua administração e confirma a chegada dos hardliners à White House. Um magnífico Mr Andy Murray vence a ATP Tour na London Arena e solidifica o estatuto de World Number 1. Mr Eddie Redmayne apresenta um novo herói para era de winning game changers.

 

 

Freezy days at London, with a very windy coast along the English Channel after the Angus Storm. A temperatura roga à domesticidade quando os Christmas carols & lights recriam o ciclo mágico. E é um gosto colocar visionamentos, audições e leituras mais ou menos em dia, com olhar até para ver como estão as pollinators do tempo que há-vir. Os jornais do Weekend semeiam os sinais. Começa a operação de conquista ideológica no continente. Rome, Paris e Berlin centram radares, com a anti-establishment message de London e de Washington DC ainda ao microscópio. Se Frau Merkel aspira a 16 anos de governo conservador contra todos os populismos na Germanic Europe, após perder sucessivas eleições regionais, Berlin e Vorpommern-Rügen incluídas, interessante é acompanhar o thatcheriano Monsieur Fillon na candidatura ao Palais de l'Élysée quando a Front Nationale de Madame Marine Le Pen lidera as sondagens e faltam 152 dias para as presidenciais. De Italy para o mundo, sobretudo avulta a extensão da misericórdia bem gerida pelo Pope Francis. Por cá, celebrado o 68th happy birthday do Prince Charles of Wales, aguarda-se o Parliamentary big day do RH Philip Hammond. O Chancellor of the Exchequer apresenta o 1st Autumn Statement, revelando o mix de políticas com que o Treasury orienta o ciclo dos Brexit budgets em economia de transição apta para explorar as oportunidades geradas pelo cortar das amarras com o eurobloco. Que o investimento público nas infraestruturas, ciência e na defesa crescem, é segura heresia, havendo até dinheiro para finalmente restaurar o Buckingham Palace. A residência real inicia projeto de “a 10-year phased refurbishment,” cujo custo ascende a £369 million.

 

Cinco meses do “No” popular à European Union e ainda não aceitam quer o resultado, quer a ideia. O lamento e os manejos são tantos que a muitos resta pouca ou nenhuma paciência para escutar as mesmíssimas linhas do Project Fear, mesmo quando Downing Str matiza o Brexit means Brexit. Daí que, tarde ou cedo, fosse expetável um enough is enough ecoado em dó maior. Acontece ontem nas BBC Sunday Politics. “You are the Biggest Liars,” diz o veteraníssimo entrevistador Mr Andrew Neil ao confrontar, em direto, o dirigente da campanha Open Europe com o teor do seu último vídeo contra o Brexiting. Nem avanço no desconcerto de Mr James McGrory, o lobista dos ditos “Remoaners” que foi chefe de gabinete do RH Nick Clegg na coligação governamental. O ponto, porém, é outro e grave. Como seja o perigo que, à direita e à esquerda, estes bad losers constituem para o modelo processual democrático, enquanto escolha pacífica de alternativas políticas. Daí mais valerem as aventuras de a jolly good loser ― Ed B.

 

Como descrever? Não é o elegante Mr Fred Astaire de todo em todo, nem o gracioso Mr Gene Kelly; é sim, por inteiro, Great Ed Balls of Fire. Neste Saturday night, no Ballroom de Blackpool, vemo-lo em energético jive recriando o clássico de Mr Jerry Lee Lewis e o mínimo a dizer é ser never dull, always unpredictable and, really, really, such sport. Acompanhado de Ms Katya Jones, uma versátil bailarina de salão, o outrora chanceler de RH Ed Miliband agrega fãs em voto televisivo e soma já inesperadas nove semanas de competição no concurso da BBC. Há ali algo de irresistível, com agradabilíssimo toque de joie de vivre. Olhar atento descobre-lhe as rotinas em três tempos. Concluímos que nunca entrará no Royal Ballet. Mas ei-lo a a dançar samba, cha-cha-cha, quickstep, salsa, paso doble, mesmo o American smooth ou o Gangnam style. E é hilariante. Aqui como comboy com bandolim, ali como Black Knight contra os dragões a salvar a sua dama, lá e cá teme-se o paso out para logo jovial saltado o salvar em coreografia deveras encantadora. Assim é até possível que vença no bailarico. Só receio sobejo se qualificar o seu dancing como tal. Sabereis que o senhor é um pouco para o anafado, do tipo dorna na metade, not light in his feet. Seja como seja, com aquele sorriso e bonomia, a audiência delira a cada passo mais arriscado e tudo é great fun. Por mim, penso-o uma inspiração como a kind of the best worse dancer ever. Donde: Go, Ed & Katya!

 

Fantastic Beasts and Where to Find Them apresenta nos cinemas em volta a proposta de Mrs J.K Rowling precisamente para novo herói. Chama-se Newt Scamander, aparece transmutado na tela do Barbican pelo oscarizado Mr Eddie Redmayne (The Theory of Everything) e tem estória para encantar os fãs de Harry Potter. O filme recua à New York de 1926, em fundos cromáticos, retoma o imaginário do livro de 2001 entre magos e malas, possuindo quer a mão de mestre do HP Diretor Mr David Yates, quer um ministério da magia e cinco categorias de mostrengos. Com o magizoologist Newt e a sua Tina, Ms Katherine Waterston (Steve Jobs), surge galeria de personagens com pertença a diferentes casas-mãe e inventivas forma e tipologia de prodígios em volta – desde o superior indomesticável e letal ao alto perigoso, a tratar com meditado cuidado, do mediano competente nos talentos aos miúdos inofensivo e até enfadonho. JKR vaticina na premiere em London mais um anel de sortilégio e o conjunto tem já agendada pentagrama série pela Warner Bros. — Ho-ho! As Master Will hits in his Sonnet 114, be guarded with some of the lights: — Or whether doth my mind, being crown'd with you, / Drink up the monarch's plague, this flattery? / Or whether shall I say, mine eye saith true, / And that your love taught it this alchemy, / To make of monsters and things indigest / Such cherubins as your sweet self resemble, / Creating every bad a perfect best, As fast as objects to his beams assemble? / O,'tis the first; 'tis flattery in my seeing, / And my great mind most kingly drinks it up: / Mine eye well knows what with his gust is 'greeing, / And to his palate doth prepare the cup: / If it be poison'd, 'tis the lesser sin  / That mine eye loves it and doth first begin.

 

 

St James, 21th November 2016
Very sincerely yours,
V.