LONDON LETTERS
The Crown, 2016
I am a little bit confused! Ergue Cuba contra quem o desconhece, elimina quantos vê como obstáculo, mata quem lhe tenta fugir, tortura opositores e dissidentes, silencia jornalistas ousados.
Alguma direita toma-o como um icónico vilão e alguma esquerda com RH Comrade Jeremy Corbyn incensa-o como “a social justice hero.” Romantizado por uns e vilificado por outros, libertador ou tirano do seu povo, morre o último dos grandes revolucionários marxistas do 20th Century: El comandante Fidel de Castro (1826-2016). — Chérie! Le temp c’est le grand sculpteur. O Governor do Bank of England ultima planos para a reunião de 14-15 December do European Systemic Risk Board. Mr Mark Carney leva consigo propostas de arranjos comuns em torno da Brexit. — Well! In Peace: Goodwill. HM Government lança um Green Paper com medidas para cortar na corporate greed e reequilibrar o pay gap. O republicano Speaker da House of Representatives quer um tratado comercial USA-UK, contrastando com o obamiano back of the queue. Mr Paul Ryan soma ao President-elected Donald J Trump na abertura atlântica. Também Europe se move. A bandeira do free global trade triunfa em France, com Monsieur François Fillon nas primárias da direita, enquanto Italy treme com o referendo constitucional que ameaça o PM Matteo Renzi. A Netflix completa a série The Crown. No mais, call to Brussels: Tell me how much, please!?
Cold and bright days at Central London. À luz da vaporosa consistência da ideological war que acompanha o passamento do Signor Fidel de Castro, do tipo o nosso tirano é melhor que o vosso, mesmo que em linha dinástica de um despotismo no poder, esquecido já o ideal da Sierra Maestra e talvez rumando para uma Cuba Libre lavrada por aleatórias forças em economia de mercado, quase se entenderá a sanha antidemocrática da triádica conjura: Deny, delay, subvert. A manobra de sabotagem do Brexiting está a céu aberto, com cavar das trincheiras. Em contraste com digno silêncio de Sir David Cameron, que na demissão do No. 10 extrai lição dos resultados do voto de 23rd June, surge o antigo PM RH John Major a secundar o ido sucessor RH Tony Blair em pedido de um segundo euroreferendo durante renovada chuva de fumegantes meteoritos estatísticos. Também de Brussels vem peculiar manobra. Mr Guy Verhofstadt, um dos EU Parliament's lead Brexit negotiators, quer que os Britons mantenham a cidadania europeia caso queiram e a paguem. A retórica envolvente é forte: acenam com tocquevilleana “tiranny of majority,” fustigam com a ignorância do eleitorado, acionam as roldanas de transmissão e constituem-se como abrigo para os “political homeless.” Vozes amigas dizem duas palavras a tais protagonismos tardios: “Edwina” e “Chilcot.” Receio, porém, que venha aí dilúvio eleitoral, a marear até a forma da House of Lords. Não dissertando sobre nova consulta escocesa, cabe recordar, com The Right Honourable Edmund Burke (1729-97), que “all that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing.”
Mas conversemos de coisas diferentes. Após atraso ditado por hectic days visiono The Crown. Com a certeza de Victoria na ITV mas ainda com o desapontamento da Royal Night Out na retina, eis cauto espectador imparcial face à série televisiva de 10 episódios produzida pela Left Bank Pictures para a Netflix. By the way, where is the BBC?! Criada e escrita por Mr Peter Morgan, o autor teatral de The Queen e The Audience, será nova dramatização sobre os Royals das vésperas da era elizabetheana até ao fecho nos dias do fim de Sir Winston S Churchill em Downing Street. O gelo fragmenta-se aos primeiros acordes de soberbo Herr Hans Florian Zimmer (Madison Gate Records). O senhor cria extasiante tema, quase um hino à Royal House of Windsor, que ressoa na filigrana da coroa como se contido crescendo abrir de mítica flor de lótus. Com ouvidos abertos, sucedem-se familiares tramas da providencial ascensão de HM Elizabeth II. A morte de George VI (Mr Jared Harris) e a sombra do Duke of Windsor (Alex Jennings) nunca perdoado da abdicação, os amores da Princess Margaret (Vanessa Kirby) e o jovem casal Lillibeth e Philip Mountbatten da House of Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg (Claire Foy e Matt Smith). O que se narra interessa ranto quanto aquilo que se apaga. No aprendizado da arte de reinar avulta a figura dominante do Last Lion, protagonizado por um Mr John Lithgow cuja estatura obriga a elevar a altura da porta do 10, mas sobretudo ecoam palavras da Queen Grandmother Elizabeth (Victoria Hamilton): “Monarchy is God's sacred mission to grace and dignify the earth. To give ordinary people an ideal to strive towards, an example of nobility and duty to raise them... Monarchy is a calling from God. That is why you are crowned in an abbey, not a government building. Why you are anointed, not appointed. It is an archbishop that puts the crown on your head, not a minister or public servant. Which means that you are answerable to God in your duty, not the public.”
Últimas palavras para a great party havida em London, na qual lamentavelmente não participei, em dia do mais recente marco no UK Independent Party. Se cabe um cheers a Mr Paul Nuttal como líder hoje eleito dos Ukipppers, sob bandeira da mobilidade social e em missão nortenha de caça ao voto Labour, atenção momentânea para a festa dos 25 anos do partido em pleno Ritz Hotel. RH Nigel Farage MEP é o anfitrião e os relatos são de viva diversão, entre Coronation chicken e English roast beef, regados com Sparkling wine dos vinhedos no Kent de Lord Ashcroft e ainda com Pol Roger – o champagne favorito de Sir Winston, logo guarnecido pelos seus cigars. Declara quem assiste que high spirits acompanham os hurrahs às vitórias do “No” referendário e de Mr DJ Trump nas presidenciais norte americanas… a par dos chocolates Ferrero Rocher. — Wow! Well declares Master Will in The Merry Wives Of Windsor: — Why, sir, for my part I say the gentleman had drunk himself out of his five senses.
St James, 28th November 2016
Very sincerely yours,
V.