LONDON LETTERS
An optimistic speech, 2016
O mínimo que se pode dizer das suas palavras na DePauw University, nos United States, é revelarem misto de fortitude, reserva e juízo fino. A heróica atitude marca também. É o primeiro discurso público de Sir David Cameron após abandonar o 10 Downing Street, na sequência da derrota no euroreferendo.
A incrível polarização que o ato revela e o populismo reativo que lhe custa a cadeira do poder, levam agora o antigo PM a apelar aos líderes políticos que corrijam a rota do West. — Chérie! Une bonne action n'est jamais perdue. De reforma fala justamente o Engenheiro António Guterres na posse como Secretary-General das United Nations. Ao lado, na New York Public Library, pedem-se “gatekeepers of sense” e ecoa atónita interrogação do Nobel Professor Paul Krugman: “What’s going on?” Entre o 23rd June e a Time’s Person of the Year, aquém e além Atlantic Ocean, vários ensaiam explicar os extraordinários eventos políticos de 2016 e os desafios do próximo futuro. Fio comum nas prédicas sobre o volátil estado do mundo é a kind of high class group think no desfiladeiro aberto entre a elite global e os locais comuns. — Hmm! Is yet a word to the wise enough? O Supreme Court prepara o Brexit verdict para January e Mrs Theresa May ocupa Westminster. Os Conservatives vencem a eleição em Sleaford & North Hykeham, secundados pelos ukippers e remetendo o Labour Party para terceiro lugar. O US President-elected DJ Trump envolve-se em nova controvérsia, desta feita com a CIA, ao desmentir a agência sobre alegada perturbação informática russa nas eleições. O Isis volta a atacar Palmyra, sendo repelido por aviões de Moscow, enquanto o governo sírio ultima a vitória militar em Aleppo. Europe e Italy esperam o novo governo de Mr Matteo Paolo Gentiloni.
Gently low cloud rains but still a cold London. A tradição convida a voto de a Christmas Eve with balmy snow. Daí a surpresa do novo elo à Christ-Mas (ler Midnight Mass Communion Service). A frase em volta é agora: Please, please, do not go on strike. It is Christmas. Nem menos! Ambos por excêntricas questões, os sindicatos do Post Office e do Southern Rail enveredam pelo grevismo e espargem deslocado infortúnio na vida de milhões. Se os ferroviários usam servir descontentamento no travão à modernização e a engenhosa empresa strongly advise os passageiros a não viajar durante a paralisação, é a greve de cinco dias nos privatizados correios que cá empalidece com a ideia de atraso nas cartas familiares e cartões de amizade. O desapontamento aqui, colhe acolá. Nove em cada 10 conservadores creem que a radical estratégia unionista do Labour de RH Jez Corbyn lhes concederá a maioria nas próximas eleições gerais no reino. A Tory hopefulness é ainda a nota dominante nas perspetivas globais traçadas nos States por discreto RH David Cameron… após defender a sua própria decisão de convocar o referendo britânico que tudo começa a mudar.
A palestra aos estudantes da Depauw University atrai atenções e segue passadas ilustres. Em Neal Fieldhouse, a 40 milhas de Indiana, discursam ao longo dos anos os honoráveis exs Mr Tony Blair, Mr Bill Clinton e Mr Mikhail Gorbachev. Rever Sir Cameron em público, tão igual e tão diferente, obriga a pensar na vertigem que sempre é a ascensão e queda do poder. Há apenas seis meses atrás, estimava o autoritativo residente no Number 10 gerir cuidada saída do Westminster castle até 2020. Um só voto popular lança-o para o percurso dos has been. Ei-lo na DePauw's Timothy and Sharon Ubben Lecture Series ainda em ensaio explicativo dos acontecimentos. O título do seu discurso, "The Historic Events of 2016 and Where We Go From Here," abre significativamente: "Obviously the first question that you ask in response to that is how on earth did we get here?" Por instantes toca o ex PM no essencial que motiva as gentes a abraçar o desconhecido quando já se sentem estrangeiros na sua terra. Aponta o “Euro turmoil” e o “movement of unhappiness” para se deter no "cultural phenomenon" que levanta os “political headwinds that shifted this year” entre as forças do populismo e do extremismo. Nos termos cameronianos: "In some of our countries the pace of change has been too fast for people to keep up with. People are concerned that the country that they're living in is not the country that they were born into, and they see that change as happening too quickly.” Daí o oxoniano apelar a elementar regresso aos valores ocidentais das democracias liberais, "values of democracy, values of market economics, values that have undoubtedly improved the world and our countries' place within it." Neste back to basics enfatiza o Tory man que, "as someone who is pro-globalization, pro-immigration, pro-market economics, […] we have to understand these two phenomenon and make a major course correction if we're going to keep on the path to a successful globalization from which we can all benefit."
Pelas ilhas quase tudo decorre já nas vestes epocais. Charles of Wales e a Duchess of Cornwal madrugam no envio de um caloroso cartão de boas festas, mas o Prince Andrew of York antes se ocupa com “a number of stories” que andarão por alguns reportes menores acerca dos Royal titles. O executivo passa na House of Commons categórico voto sobre The Government’s Plan for Brexit, com 448 Ayes e 75 Noes. Em nome da Prime Minister, o Sec of State RH David Davis ganha o dia sem especial esforço. RH Boris Johnson regressa às manchetes por denunciar as “proxy wars” financiadas por sauditas e iranianos, momentos antes de rumar para o Arabian Golf em missão de alta diplomacia. Para a eternidade parte nestes dias um jornalista maior: AA Gill (1954-2016), cuja última crónica no The Sunday Times reafirma que redigir com estilo e eloquência é intrínseco a quantos respiram a palavra e inspiram no mundo das ideias. Um outro gigante que impulsiona para cima o acompanha na viagem galática. Aos 95 morre o astronauta John Glenn, aquele mesmo que, em 1962 February 20, durante cinco memoráveis horas, pela primeira vez orbita a azul esfera terrestre e comunica “the beautiful view.” — Well. Remember also that great admirer of the skies as is ours Master Will, born in the same year of Messer Galileo, on the real worth of planets vs meteors in his Sonnet 14: — Not from the stars do I my judgement pluck, / And yet methinks I have astronomy. | But not to tell of good or evil luck, / Of plagues, of dearths, or season’s quality; / Nor can I fortune to brief minutes tell, / Or say with princes if it shall go well.
St James, 12th December 2016
Very sincerely yours,
V.